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Procuradores da AGU querem fim de sigilo sobre auxílio-moradia

Procuradores criticam "retrocesso" e "excessiva centralização" na gestão da ministra Grace Mendonça, advogada-geral da União

Juízes: representantes também pedem retirada de sigilo de procedimentos que tratam de pedidos de indicação de servidores a cargos comissionados (Oxford/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de maio de 2018 às 16h24.

Brasília - Em ofício encaminhado à advogada-geral da União, ministra Grace Mendonça, nesta quarta-feira, 16, os representantes da carreira de procuradores federais no Conselho Superior da Advocacia-Geral da União (AGU) pediram o fim do sigilo na câmara de conciliação sobre a concessão do auxílio-moradia a membros do Judiciário e do Ministério Púbico, entre outras providências.

O texto critica "retrocesso" e "excessiva centralização" na gestão da ministra. A assessoria de imprensa da AGU, questionada sobre as afirmações, ainda não enviou manifestação sobre o tema.

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A realização de sessões em sigilo na Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal (Ccaf) sobre auxílio-moradia está "aumentando ainda mais a exposição institucional por dar margem a especulações quanto à motivação do procedimento", nas palavras dos procuradores federais Carlos Marden e Vilson Vedana, que assinam o ofício.

A câmara de conciliação sobre auxílio-moradia foi instalada com aprovação da ministra Grace Mendonça após decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Ações que tratam do tema seriam julgadas em março, mas o ministro as retirou da pauta e encaminhou para conciliação.

No ofício, os representantes da carreira de procurador federal afirmaram que há "preocupação com o atual momento vivido pela instituição, no qual se verificam tantos fatos que convergem para o retrocesso, contrariando a promessa e o discurso da atual gestão no sentido de que adotaria posturas condizentes com o paradigma da Advocacia de Estado".

Os representantes também pedem retirada de sigilo de procedimentos internos que tratam de pedidos de indicação de servidores a cargos comissionados. A alegação é de que, se há algum pedido de político para nomeação de colega, é preciso que isso seja público, e que a Corregedoria e a Comissão de Ética devem promover "apuração de eventuais irregularidades praticadas pelos colegas".

A representação dos procuradores federais também afirma que houve uma orientação interna que impede o procurador-geral federal de atuar diretamente no Supremo Tribunal Federal, e pede a revogação dessa orientação, afirmando que ela é ilegal. Também são pedidas "a adoção imediata das medidas previstas nos Projetos AGU Igual para Todos e Pertencimento" e "a cessação imediata da postura refratária aos avanços oriundos da Procuradoria-Geral Federal".

Os representantes pedem também que a ministra Grace Mendonça compareça às sessões do Conselho Superior da AGU. O conselho é órgão de direção superior da AGU, ao qual compete propor, organizar e dirigir os concursos de ingresso nas carreiras da Advocacia-Geral da União, organizar as listas de promoção e de remoção, julgar reclamações e recursos contra a inclusão, exclusão e classificação em tais listas.

Além de representantes de cada carreira da AGU e da própria ministra, também integram o conselho o procurador-geral da União, o procurador-geral da Fazenda Nacional, o consultor-geral da União e o corregedor-geral da Advocacia da União.

"Ciente das dificuldades a serem enfrentadas na implementação de algumas dessas medidas, esta representação de carreira se coloca à disposição para colaborar em tudo o que for necessário, confiante de que ainda há tempo para que a atual gestão da Advocacia-Geral da União se alinhe aos membros da instituição, num esforço conjunto pela consolidação do paradigma da Advocacia de Estado, permeado por práticas democráticas e republicanas que serão essenciais para a conquista definitiva do status de função essencial à Justiça", assinam os procuradores federais Carlos Marden e Vilson Vedana.

Crise

A ministra Grace Mendonça, que assumiu o cargo no governo Michel Temer, vem sendo alvo de manifestações críticas de entidades que representam carreiras ligadas ao órgão, que se acentuaram após a exoneração dos chefes da Procuradoria-Geral da União e da Procuradoria-Geral Federal, postos-chave no órgão, sem comunicação prévia.

Nesta quarta-feira, 16, está marcado um ato de "Mobilização em defesa da Advocacia Pública Federal", convocado pela Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Anafe).

Segundo o presidente da Anafe, Marcelino Rodrigues, "o objetivo da mobilização é exatamente demonstrar a insatisfação dos membros com as últimas medidas encampadas pela gestão, em especial a questão das exonerações imotivadas e a excessiva centralização da atuação da instituição na figura da Grace". A associação pediu audiência com a ministra Grace Mendonça.

Há duas semanas, o então substituto da ministra Grace Mendonça como advogada-geral da União, Paulo Gustavo Carvalho, pediu exoneração, disse que há insatisfação generalizada contra ela e afirmou que "o interesse público e da instituição sempre deve prevalecer sobre projetos e interesses pessoais".

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