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Política no Brasil não afeta relações com China, diz diplomata

Zhu Qingqiao destacou que as estatais chinesas priorizam o investimento de longo prazo no Brasil e demais países latino-americanos e caribenhos

Michel Temer: desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil (Ueslei Marcelino/Reuters)
AB

Agência Brasil

Publicado em 19 de maio de 2017 às 12h40.

As mudanças na situação política brasileira não afetam as relações bilaterais e o desenvolvimento de uma cooperação pragmática com a China , disse hoje (19) o diretor-geral do Departamento de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhu Qingqiao.

Ele destacou que as estatais chinesas priorizam o investimento de longo prazo no Brasil e demais países latino-americanos e caribenhos.

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"Quando temos uma cooperação com os países, como o Brasil, temos que ter uma visão de longo prazo e estratégica para desenvolver uma cooperação duradoura", afirmou o diplomata, em entrevista coletiva na sede da representação diplomática, em Pequim. Segundo Zhu Qingqiao, as empresas chinesas, quando fazem investimentos, dão importância às potencialidades do mercado.

"Os problemas políticos e econômicos podem, no curto prazo, aumentar os riscos para a cooperação entre as empresas, mas, em geral, não vão causar significativas mudanças", acrescentou.

Para o representante do governo chinês, em momentos de crise, as empresas podem tomar medidas empreendedoras que tragam resultados favoráveis no longo prazo. "Desde o ano passado, as empresas chinesas são muito ativas na aquisição de empresas brasileiras."

Números

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores chinês, o país asiático investiu US$ 10 bilhões no Brasil no ano passado, e o estoque acumulado de investimentos chega a US$ 30 bilhões.

Os investimentos das empresas estatais chinesas no Brasil concentram-se na área de infraestrutura, sobretudo energia e transportes, e no setor agropecuário.

Zhu Qingqiao destacou que o Brasil representa um terço dos intercâmbios comerciais chineses na América Latina e no Caribe. Ele ressaltou a complementaridade das duas economias, pois a pauta exportadora do Brasil para a China concentra-se em commodities agrícolas, minerais e proteína animal. As exportações chinesas estão baseadas em produtos manufaturados.

Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil. Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços brasileiro, o intercâmbio comercial entre os dois países em 2016 foi de US$ 58,49 bilhões. As exportações do Brasil para a China totalizaram US$ 35,13 bilhões com um superávit brasileiro de US$ 11,76 bilhões.

Política brasileira

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin decidiu, na tarde de ontem (18), abrir inquérito para investigar o presidente do Brasil Michel Temer.

A medida foi tomada a partir das delações premiadas dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos do grupo JBS, controlador do frigorífico Friboi.

O conteúdo dos depoimentos envolvendo Temer foi antecipado na quarta-feira (17) pelo jornal O Globo.

Segundo a reportagem, em encontro gravado em áudio pelo empresário Joesley Batista, Temer sugeriu que se mantivesse pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro para que estes ficassem em silêncio.

Cunha está preso em Curitiba, capital do estado do Paraná. A delação dos empresários também implica o senador afastado Aécio Neves (MG), do PSDB.

Em pronunciamento na tarde dessa quinta-feira, Temer disse que não renunciará ao cargo e exigiu uma investigação rápida na denúncia em que é citado, para que seja esclarecida.

"Não renunciarei. Repito não renunciarei", destacou. "Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos, e exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dúvida não pode persistir por muito tempo", completou Temer, no Palácio do Planalto.

*A repórter viajou a convite do Centro de Imprensa China-América Latina e Caribe

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