Exame Logo

Polícia prende suspeito de assassinar jornalista em Goiás

Morais era chefe de vigilância da prefeitura de Santo Antônio do Descoberto e foi exonerado na segunda-feira, dia 25

Goiás: Miranda usava as redes sociais e sites para criticar políticos, traficantes de drogas e matadores de aluguel na cidade (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de julho de 2016 às 09h21.

Santo Antônio do Descoberto - A Polícia Civil de Goiás prendeu na noite desta quarta-feira, 27, Douglas Ferreira de Morais, de 40 anos, suspeito de participar do assassinato do jornalista João Miranda do Carmo, de 54 anos.

Morais era chefe de vigilância da prefeitura de Santo Antônio do Descoberto e foi exonerado na segunda-feira, dia 25.

No domingo, Miranda, que atuava em blogs e sites, foi morto em sua casa no bairro Morada Nobre por quatro homens armados que, após uma rápida abordagem, dispararam 22 tiros - pelo menos sete atingiram o jornalista.

Miranda usava as redes sociais e sites para criticar políticos, traficantes de drogas e matadores de aluguel na cidade a 50 quilômetros de Brasília.

"A gente trabalha com a possibilidade de o homicídio ter como motivação a atividade profissional dele", afirmou o delegado regional de Águas Lindas de Goiás, Fernando Augusto Luiz da Gama.

"Tudo esbarra no trabalho de João Miranda, que tinha por alvo a criminalidade comum e o meio político", completou. "Ainda é muito incipiente falar sobre o exato motivo do crime."

Reações

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) cobrou "agilidade" nas investigações. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) pediu que os criminosos sejam levados à Justiça.

"A impunidade de crimes contra jornalistas restringe a capacidade dos profissionais de mídia de realizarem seu trabalho e promoverem o acesso do público a fontes de informação diversas e independentes", afirmou em nota Irina Bokova, diretora-geral da Unesco.

"É uma questão de honra saber quem cometeu essa maldade contra o João e a liberdade de imprensa", disse Fernando Oliveira, dono do Folha da Copaíba, site de notícias que publicava textos de Miranda. "Perdi o artilheiro do time."

Miranda mantinha o site SAD Sem Censura e atuava em um canal de animações com críticas a políticos no YouTube. "Isso incomodava muito", disse o jornalista Jonas Batista Teodoro, um dos colegas de trabalho.

O jornalista, filiado ao PCdoB, pretendia concorrer a um cargo de vereador nas eleições de outubro. Segundo seus amigos, Miranda estava apreensivo após ter publicado histórias sobre tráfico de drogas e denúncias contra o prefeito Itamar Lemes Prado (PDT).

"Eu mesmo aconselhava o João a não ser tão corajoso, a não afrontar pessoas tão perigosas", afirmou o vereador Geraldo Lacerda (PSD), de oposição ao prefeito.

'Uso político'

Por meio de sua defesa, o prefeito alegou que os opositores fazem uso "político" e "irresponsável" do crime.

A advogada Eliane Laurindo Amaral disse que, desde o início do mandato, em 2010, Itamar recebe críticas de jornalistas, como Miranda, e sempre reagiu às reportagens "agressivas" no âmbito da Justiça.

"O senhor João Miranda fazia parte da oposição. Toda vez que ele publicava na Folha da Copaíba um texto mais ofensivo, o prefeito ajuizava uma ação", afirmou Eliane.

"O prefeito repudia todas as campanhas de pessoas que estão aproveitando um crime para fazer política", completou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Veja também

Santo Antônio do Descoberto - A Polícia Civil de Goiás prendeu na noite desta quarta-feira, 27, Douglas Ferreira de Morais, de 40 anos, suspeito de participar do assassinato do jornalista João Miranda do Carmo, de 54 anos.

Morais era chefe de vigilância da prefeitura de Santo Antônio do Descoberto e foi exonerado na segunda-feira, dia 25.

No domingo, Miranda, que atuava em blogs e sites, foi morto em sua casa no bairro Morada Nobre por quatro homens armados que, após uma rápida abordagem, dispararam 22 tiros - pelo menos sete atingiram o jornalista.

Miranda usava as redes sociais e sites para criticar políticos, traficantes de drogas e matadores de aluguel na cidade a 50 quilômetros de Brasília.

"A gente trabalha com a possibilidade de o homicídio ter como motivação a atividade profissional dele", afirmou o delegado regional de Águas Lindas de Goiás, Fernando Augusto Luiz da Gama.

"Tudo esbarra no trabalho de João Miranda, que tinha por alvo a criminalidade comum e o meio político", completou. "Ainda é muito incipiente falar sobre o exato motivo do crime."

Reações

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) cobrou "agilidade" nas investigações. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) pediu que os criminosos sejam levados à Justiça.

"A impunidade de crimes contra jornalistas restringe a capacidade dos profissionais de mídia de realizarem seu trabalho e promoverem o acesso do público a fontes de informação diversas e independentes", afirmou em nota Irina Bokova, diretora-geral da Unesco.

"É uma questão de honra saber quem cometeu essa maldade contra o João e a liberdade de imprensa", disse Fernando Oliveira, dono do Folha da Copaíba, site de notícias que publicava textos de Miranda. "Perdi o artilheiro do time."

Miranda mantinha o site SAD Sem Censura e atuava em um canal de animações com críticas a políticos no YouTube. "Isso incomodava muito", disse o jornalista Jonas Batista Teodoro, um dos colegas de trabalho.

O jornalista, filiado ao PCdoB, pretendia concorrer a um cargo de vereador nas eleições de outubro. Segundo seus amigos, Miranda estava apreensivo após ter publicado histórias sobre tráfico de drogas e denúncias contra o prefeito Itamar Lemes Prado (PDT).

"Eu mesmo aconselhava o João a não ser tão corajoso, a não afrontar pessoas tão perigosas", afirmou o vereador Geraldo Lacerda (PSD), de oposição ao prefeito.

'Uso político'

Por meio de sua defesa, o prefeito alegou que os opositores fazem uso "político" e "irresponsável" do crime.

A advogada Eliane Laurindo Amaral disse que, desde o início do mandato, em 2010, Itamar recebe críticas de jornalistas, como Miranda, e sempre reagiu às reportagens "agressivas" no âmbito da Justiça.

"O senhor João Miranda fazia parte da oposição. Toda vez que ele publicava na Folha da Copaíba um texto mais ofensivo, o prefeito ajuizava uma ação", afirmou Eliane.

"O prefeito repudia todas as campanhas de pessoas que estão aproveitando um crime para fazer política", completou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:AssassinatosCrimeGoiás

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame