Piso da enfermagem: categoria faz paralisação simbólica para pressionar governo
A adesão ao movimento não é coesa e em algumas cidades haverá atos com doação de sangue, outras apenas com algumas horas de braços cruzados
Redação Exame
Publicado em 10 de março de 2023 às 06h03.
Última atualização em 10 de março de 2023 às 13h10.
Enfermeiros de todo o Brasil fazem uma paralisação simbólica nesta sexta-feira, 10, para chamar a atenção do governo em relação ao piso da enfermagem. A adesão ao movimento não é coesa e em algumas cidades haverá atos com doação de sangue, outras apenas com algumas horas de braços cruzados.
A questão levantada pela categoria é que o dia 28 de fevereiro venceu a liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendia a lei aprovada pelo Congresso Nacional sem resolver o impasse. No meio de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o governo está em negociações para tentar "harmonizar" o teto do salário da enfermagem porque há questões a serem resolvidas em cidades pequenas e santas casas.
O grande debate sobre a lei que passou na Câmara e no Senado é que ela aumenta a despesas de muitos municípios, sem necessariamente dar uma contrapartida de onde virá o dinheiro.
No dia 13 de fevereiro,o governo federal criou um Grupo de Trabalho interministerial para acelerar a implementação do piso. O GT reúne Casa Civil, Ministério da Saúde, Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e Advocacia-Geral da União (AGU). O Ministério da Saúde é o responsável pela definição de critérios de rateio para os repasses aos estados e municípios.
O valor dopiso salarial de enfermeirosaprovado pelo Congresso éde R$ 4.750. No caso de técnicos de enfermagem, a remuneração é R$ 3.325. Para auxiliares de enfermagem e parteiras o piso será de R$ 2.375. A proposta foi aprovada pelos parlamentares em agosto do ano passado e passou a ser alvo de um imbróglio judicial, porque originalmente, não previa o impacto financeiro da medida para estados, municípios e hospitais.
A fonte para custear a medida também não foi apontada. Sem esse detalhamento, provocado pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais, Estabelecimentos e Serviços, uma decisão do ministro Luís Roberto Barroso, STF, suspendeu liminarmente os efeitos da lei do piso nacional da enfermagem. A decisão foi confirmada depois pelo plenário da Corte, por 7 votos a 4. O Supremo foi alvo de críticas por parte de parlamentares que entenderam a medida como interferência no Legislativo.