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Período úmido deve ter mais chuvas, mas não ajuda represas

Apesar das chuvas, situação das represas de hidrelétricas ainda pode ser um problema em 2015

Vista da marca d'água no lago da represa hidrelétrica de Furnas, em Mina Gerais (Paulo Whitaker/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2014 às 16h57.

São Paulo - O período úmido 2014/2015 que inicia mais fortemente em novembro deve ter mais chuva que um ano antes no Sudeste, mas a situação das represas de hidrelétricas ainda pode ser um problema em 2015 já que as temperaturas ficarão acima da média, o que eleva o consumo de energia.

Meteorologistas consultados pela Reuters consideram que até agora os sinais são de que as chuvas no Sudeste durante o verão ficarão entre a média e um pouco abaixo da média, o que ainda deixa o setor elétrico em alerta, já que o nível das represas do Sudeste atualmente está em quase 24 por cento.

O baixo nível das represas causou uma série de desequilíbrios no setor elétrico do país.

As usinas térmicas nacionais estão operando de maneira contínua há meses, o que tem impulsionado os preços da energia e obrigado o governo federal a costurar acordos de empréstimos para distribuidoras que serão pagos pelos consumidores a partir do próximo ano, podendo impactar na inflação.

Especialistas do setor elétrico têm dito que apenas um período de chuvas não será suficiente para recuperar os reservatórios das usinas a cerca de 60 por cento de armazenamento, um nível considerado confortável para o país enfrentar o próximo período de estiagem, a partir de abril de 2015.

Durante o período chuvoso já é esperado um aumento natural do consumo de energia de cerca de 5 mil a 8 mil megawatts (MW) médios, segundo o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos, enquanto há uma redução natural na produção de energia das térmicas a bagaço de cana e usinas eólicas por fatores sazonais.

Assim, as chuvas precisam ser abundantes o bastante para encher os reservatórios das hidrelétricas ao mesmo tempo em que o uso dessas represas aumenta para atender ao consumo de energia maior, natural dessa época do ano.

"Então, se não chover, a velocidade em que o nível dos reservatórios vai cair é maior que o que ocorre agora", disse Vlavianos, cuja última previsão para risco de racionamento de energia em 2015 é de 17 por cento.

Retorno das Chuvas?

A expectativa de retorno das primeiras pancadas de chuva de fim de ano está se confirmando, segundo o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento, mas ainda é preciso muito mais chuva para elevar o nível das represas.

"O nível dos reservatórios geralmente começa a parar de cair, se a chuva persistir, em novembro. E depois, a partir de dezembro é que efetivamente começa a acumular água", estima.

A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Neide Oliveira, lembra que a probabilidade de ocorrência do El Niño que havia no início do ano, trazendo mais chuva para a região Sudeste, foi reduzida gradativamente.

"Pelos modelos, a tendência é ter um pouco mais de chuva. Ano passado, as chuvas foram muito variáveis", disse ela.

O Sudeste/Centro Oeste é a principal área para o abastecimento de energia do país por meio de hidrelétricas além de concentrar a maior parte do consumo de energia.

Mas apenas o Sul do país deverá receber chuvas acima da média durante o verão, enquanto Norte e Nordeste deverão ter afluências abaixo das médias históricas.

"Como a gente não tem grandes estimativas de chuva acima da média, o problema (dos reservatórios) está sendo empurrado para 2015", disse Alexandre Nascimento, da Climatempo.

O meteorologista da Somar, Celso Oliveira, acrescenta que o próximo período úmido deve se mostrar melhor que o último, mas ainda não trará até o fim do ano chuvas regulares, aquelas que duram várias semanas e são necessárias para encher represas.

"O que a gente está observando nessa primavera é muita oscilação e não temos persistência das chuvas. Não vamos ter isso, pelo menos, até o fim do ano", disse.

O nível dos reservatórios do Sudeste/Centro Oeste é o pior para o período desde 2001, ano do racionamento de energia no país.

O patamar dessas represas segue uma trajetória de queda desde junho de 2013, tendo registrado apenas um aumento de cerca de 1,6 ponto percentual entre novembro e dezembro de 2013, para depois voltarem a cair até o nível atual de 24,11 por cento.

Ou seja, o último período chuvoso foi tão ruim que nem conseguiu estabilizar o nível das represas.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima que o nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste do Brasil deverá chegar a cerca de 21 por cento ao final de outubro.

Nas estimativas do governo federal, o risco de haver qualquer déficit de energia em 2015 é de 4,7 por cento para essa região.

Essa estimativa, dada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) na quarta-feira, está abaixo do risco de déficit considerado tolerável de 5 por cento.

Temperatura Continua Alta

A queda persistente no nível dos reservatórios durante o último período úmido ocorreu porque além de chuvas muito abaixo da média para o período, o país foi acometido por temperaturas também muito acima do normal.

Altas temperaturas elevam o consumo de energia elétrica, principalmente pelo uso de equipamentos de refrigeração e aceleram a evaporação dos reservatórios.

Para 2015, o meteorologista da Climatempo não vê um período tão prolongado de calor extremo no verão conforme percebido no verão 2013/14, mas as temperaturas deverão se manter altas.

Neide, do INMET, também afirma que o verão continuará tendo temperaturas acima da média.

Oliveira da Somar estima que as temperaturas no verão deverão ficar entre 1 a 2 graus acima da média principalmente na região Sul, no Mato Grosso do Sul e São Paulo, de janeiro a março.

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Meteorologistas consultados pela Reuters consideram que até agora os sinais são de que as chuvas no Sudeste durante o verão ficarão entre a média e um pouco abaixo da média, o que ainda deixa o setor elétrico em alerta, já que o nível das represas do Sudeste atualmente está em quase 24 por cento.

O baixo nível das represas causou uma série de desequilíbrios no setor elétrico do país.

As usinas térmicas nacionais estão operando de maneira contínua há meses, o que tem impulsionado os preços da energia e obrigado o governo federal a costurar acordos de empréstimos para distribuidoras que serão pagos pelos consumidores a partir do próximo ano, podendo impactar na inflação.

Especialistas do setor elétrico têm dito que apenas um período de chuvas não será suficiente para recuperar os reservatórios das usinas a cerca de 60 por cento de armazenamento, um nível considerado confortável para o país enfrentar o próximo período de estiagem, a partir de abril de 2015.

Durante o período chuvoso já é esperado um aumento natural do consumo de energia de cerca de 5 mil a 8 mil megawatts (MW) médios, segundo o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos, enquanto há uma redução natural na produção de energia das térmicas a bagaço de cana e usinas eólicas por fatores sazonais.

Assim, as chuvas precisam ser abundantes o bastante para encher os reservatórios das hidrelétricas ao mesmo tempo em que o uso dessas represas aumenta para atender ao consumo de energia maior, natural dessa época do ano.

"Então, se não chover, a velocidade em que o nível dos reservatórios vai cair é maior que o que ocorre agora", disse Vlavianos, cuja última previsão para risco de racionamento de energia em 2015 é de 17 por cento.

Retorno das Chuvas?

A expectativa de retorno das primeiras pancadas de chuva de fim de ano está se confirmando, segundo o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento, mas ainda é preciso muito mais chuva para elevar o nível das represas.

"O nível dos reservatórios geralmente começa a parar de cair, se a chuva persistir, em novembro. E depois, a partir de dezembro é que efetivamente começa a acumular água", estima.

A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Neide Oliveira, lembra que a probabilidade de ocorrência do El Niño que havia no início do ano, trazendo mais chuva para a região Sudeste, foi reduzida gradativamente.

"Pelos modelos, a tendência é ter um pouco mais de chuva. Ano passado, as chuvas foram muito variáveis", disse ela.

O Sudeste/Centro Oeste é a principal área para o abastecimento de energia do país por meio de hidrelétricas além de concentrar a maior parte do consumo de energia.

Mas apenas o Sul do país deverá receber chuvas acima da média durante o verão, enquanto Norte e Nordeste deverão ter afluências abaixo das médias históricas.

"Como a gente não tem grandes estimativas de chuva acima da média, o problema (dos reservatórios) está sendo empurrado para 2015", disse Alexandre Nascimento, da Climatempo.

O meteorologista da Somar, Celso Oliveira, acrescenta que o próximo período úmido deve se mostrar melhor que o último, mas ainda não trará até o fim do ano chuvas regulares, aquelas que duram várias semanas e são necessárias para encher represas.

"O que a gente está observando nessa primavera é muita oscilação e não temos persistência das chuvas. Não vamos ter isso, pelo menos, até o fim do ano", disse.

O nível dos reservatórios do Sudeste/Centro Oeste é o pior para o período desde 2001, ano do racionamento de energia no país.

O patamar dessas represas segue uma trajetória de queda desde junho de 2013, tendo registrado apenas um aumento de cerca de 1,6 ponto percentual entre novembro e dezembro de 2013, para depois voltarem a cair até o nível atual de 24,11 por cento.

Ou seja, o último período chuvoso foi tão ruim que nem conseguiu estabilizar o nível das represas.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima que o nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste do Brasil deverá chegar a cerca de 21 por cento ao final de outubro.

Nas estimativas do governo federal, o risco de haver qualquer déficit de energia em 2015 é de 4,7 por cento para essa região.

Essa estimativa, dada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) na quarta-feira, está abaixo do risco de déficit considerado tolerável de 5 por cento.

Temperatura Continua Alta

A queda persistente no nível dos reservatórios durante o último período úmido ocorreu porque além de chuvas muito abaixo da média para o período, o país foi acometido por temperaturas também muito acima do normal.

Altas temperaturas elevam o consumo de energia elétrica, principalmente pelo uso de equipamentos de refrigeração e aceleram a evaporação dos reservatórios.

Para 2015, o meteorologista da Climatempo não vê um período tão prolongado de calor extremo no verão conforme percebido no verão 2013/14, mas as temperaturas deverão se manter altas.

Neide, do INMET, também afirma que o verão continuará tendo temperaturas acima da média.

Oliveira da Somar estima que as temperaturas no verão deverão ficar entre 1 a 2 graus acima da média principalmente na região Sul, no Mato Grosso do Sul e São Paulo, de janeiro a março.

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