Exame Logo

Paralisação de ônibus afeta 1 milhão em SP

O diretor de Operações da São Paulo Transporte (SPTrans), Almir Chiarato, afirmou que todos os 29 terminais municipais foram fechados

Paralisação de ônibus: por volta das 12h40, terminais estavam liberados (Oswaldo Corneti/Fotos Públicas)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2014 às 14h30.

São Paulo - Ônibus da capital paulista deixaram de circular e pegar passageiros em função da paralisação dos motoristas e cobradores entre as 10h e as 12h desta quarta-feira, 5.

O diretor de Operações da São Paulo Transporte (SPTrans), Almir Chiarato, afirmou que todos os 29 terminais municipais foram fechados, o que afetou cerca de um milhão de passageiros.

Por volta das 12h40, todos eles estavam liberados.

Na Avenida Francisco Matarazzo, na zona oeste, vários coletivos foram vistos às 10h05 já fora de operação, sendo recolhidos para a garagem.

A maioria deles pertence à empresa Santa Brígida, a mesma viação em que trabalhava o motorista John Carlos Soares Brandão, morto após o incêndio criminoso no ônibus em que trabalhava, na zona norte, em outubro.

A paralisação dos motoristas e cobradores foi justamente para chamar a atenção à falta de segurança em seu trabalho.

Nos últimos meses, vários ônibus foram queimados na capital paulista. Segundo motoristas, a paralisação é uma determinação do sindicato.

"Acho que deveria ter acontecido no dia seguinte à morte, hoje não vejo tanto sentido", disse um motorista que não quis se identificar.

"Se eu resolvo sair com o ônibus, os outros motoristas podem me agredir."

Chiarato informou que foram adotadas algumas estratégias para tentar minimizar o impacto da greve de duas horas: esticar o itinerário das linhas das cooperativas, que não estão em greve e que somam 6 mil veículos principalmente nas periferias, até estações do Metrô e desviar as linhas das empresas dos terminais, mantendo-as ativas.

Motoristas de duas das três empresas com linha fixa no Terminal Amaral Gurgel, em Santa Cecília, região central da capital paulista, cruzaram os braços desde as 10h desta quarta-feira. As linhas 7550/10 (Terminal Santo Amaro), da Gatusa, e três linhas da Sambaíba - 1732/10 (Vila Sabrina), 118C/10 (Jardim Peri Alto) e 2001/10 (Terminal Parque Dom Pedro II) não estão circulando.

Os ônibus da empresa Via Sul não pararam.

Segundo a funcionária da SPTrans Ildanir Santos, encarregada do terminal, o movimento de passageiros foi normal até as 10h.

"Estamos orientando os que ainda chegam a usar o Metrô", disse.

O Terminal Amaral Gurgel é vizinho da Estação Santa Cecília da Linha 3-vermelha.

Por causa da paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus, os passageiros do Metrô afirmam que as estações ficaram mais cheias do que o habitual para o horário.

Diariamente, o morador da Lapa, na zona oeste, João Clemente, de 58 anos, toma um ônibus para chegar ao trabalho na Santa Cecília. Hoje, recorreu a um trem e um metrô.

"Precisei me programar para sair mais cedo para não chegar atrasado", disse.

Fim da paralisação

No Terminal Parque Dom Pedro II, foco do movimento do Sindmotoristas, o primeiro coletivo saiu às 12h09.

O presidente da entidade, Valdevan Noventa, afirmou ao fim do ato que novas e maiores paralisações podem ocorrer caso os ataques com fogo a ônibus não cessem na capital paulista.

No Terminal Barra Funda, os primeiros coletivos começavam a sair por volta de 12h20, enquanto parte da frota permanece estacionada.

Às 12h28, apenas os Terminais A.E. Carvalho e Carrão, na zona leste, ainda permaneciam fechados

De acordo com Almir Chiarato, da SPTrans, a zona norte de São Paulo é a mais atingida por incêndios, seguida da leste.

Neste ano, 119 ônibus foram incendiados na capital paulista, ante 65 em todo o ano passado.

Já as depredações chegaram a 797 até agora em 2014. Em 2013 inteiro, foram 1.242 casos.

Negociações

"A reivindicação da categoria é justa, mas não precisava ter parado a cidade de São Paulo. Temos os ônibus, mas não os motoristas para dirigir. Tivemos várias reuniões, tentamos abortar a paralisação, mas não tivemos sucesso", disse Chiarato.

"O que foi conseguido é que, em vez de ir até as 14h, o presidente do sindicato se comprometeu a parar as 12h. É o horário que menos transporta gente na cidade."

O diretor disse também que a SPTrans vai fazer boletins de ocorrência de todos ônibus paralisados e multar as empresas pelas partidas não cumpridas, monitoradas por GPS.

"Nós vamos autuar todas as empresas, as linhas que não operaram vão ser multadas, nós vamos abrir um boletim de ocorrência contra o sindicato por essa paralisação."

O presidente do sindicato dos motoristas e cobradores (Sindmotoristas), José Valdevan de Jesus Santos, o Noventa, afirmou que em conversa nesta terça-feira, 4, com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) as autoridades discutiram a possibilidade de criação de um telefone exclusivo para colher denúncias sobre criminosos que ateiam fogo em ônibus.

Além disso, avalia-se a possibilidade de um departamento especial para a investigação de casos de incêndio em ônibus dentro da polícia.

"Falta a conscientização de que a população precisa dar para esses trabalhadores. São os próprios usuários que vêm atirando fogo. Tocar fogo em ônibus resolve o quê? Virou moda e não aguentamos mais. Os trabalhadores estão amedrontados e pedindo socorro", afirmou Noventa.

Veja também

São Paulo - Ônibus da capital paulista deixaram de circular e pegar passageiros em função da paralisação dos motoristas e cobradores entre as 10h e as 12h desta quarta-feira, 5.

O diretor de Operações da São Paulo Transporte (SPTrans), Almir Chiarato, afirmou que todos os 29 terminais municipais foram fechados, o que afetou cerca de um milhão de passageiros.

Por volta das 12h40, todos eles estavam liberados.

Na Avenida Francisco Matarazzo, na zona oeste, vários coletivos foram vistos às 10h05 já fora de operação, sendo recolhidos para a garagem.

A maioria deles pertence à empresa Santa Brígida, a mesma viação em que trabalhava o motorista John Carlos Soares Brandão, morto após o incêndio criminoso no ônibus em que trabalhava, na zona norte, em outubro.

A paralisação dos motoristas e cobradores foi justamente para chamar a atenção à falta de segurança em seu trabalho.

Nos últimos meses, vários ônibus foram queimados na capital paulista. Segundo motoristas, a paralisação é uma determinação do sindicato.

"Acho que deveria ter acontecido no dia seguinte à morte, hoje não vejo tanto sentido", disse um motorista que não quis se identificar.

"Se eu resolvo sair com o ônibus, os outros motoristas podem me agredir."

Chiarato informou que foram adotadas algumas estratégias para tentar minimizar o impacto da greve de duas horas: esticar o itinerário das linhas das cooperativas, que não estão em greve e que somam 6 mil veículos principalmente nas periferias, até estações do Metrô e desviar as linhas das empresas dos terminais, mantendo-as ativas.

Motoristas de duas das três empresas com linha fixa no Terminal Amaral Gurgel, em Santa Cecília, região central da capital paulista, cruzaram os braços desde as 10h desta quarta-feira. As linhas 7550/10 (Terminal Santo Amaro), da Gatusa, e três linhas da Sambaíba - 1732/10 (Vila Sabrina), 118C/10 (Jardim Peri Alto) e 2001/10 (Terminal Parque Dom Pedro II) não estão circulando.

Os ônibus da empresa Via Sul não pararam.

Segundo a funcionária da SPTrans Ildanir Santos, encarregada do terminal, o movimento de passageiros foi normal até as 10h.

"Estamos orientando os que ainda chegam a usar o Metrô", disse.

O Terminal Amaral Gurgel é vizinho da Estação Santa Cecília da Linha 3-vermelha.

Por causa da paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus, os passageiros do Metrô afirmam que as estações ficaram mais cheias do que o habitual para o horário.

Diariamente, o morador da Lapa, na zona oeste, João Clemente, de 58 anos, toma um ônibus para chegar ao trabalho na Santa Cecília. Hoje, recorreu a um trem e um metrô.

"Precisei me programar para sair mais cedo para não chegar atrasado", disse.

Fim da paralisação

No Terminal Parque Dom Pedro II, foco do movimento do Sindmotoristas, o primeiro coletivo saiu às 12h09.

O presidente da entidade, Valdevan Noventa, afirmou ao fim do ato que novas e maiores paralisações podem ocorrer caso os ataques com fogo a ônibus não cessem na capital paulista.

No Terminal Barra Funda, os primeiros coletivos começavam a sair por volta de 12h20, enquanto parte da frota permanece estacionada.

Às 12h28, apenas os Terminais A.E. Carvalho e Carrão, na zona leste, ainda permaneciam fechados

De acordo com Almir Chiarato, da SPTrans, a zona norte de São Paulo é a mais atingida por incêndios, seguida da leste.

Neste ano, 119 ônibus foram incendiados na capital paulista, ante 65 em todo o ano passado.

Já as depredações chegaram a 797 até agora em 2014. Em 2013 inteiro, foram 1.242 casos.

Negociações

"A reivindicação da categoria é justa, mas não precisava ter parado a cidade de São Paulo. Temos os ônibus, mas não os motoristas para dirigir. Tivemos várias reuniões, tentamos abortar a paralisação, mas não tivemos sucesso", disse Chiarato.

"O que foi conseguido é que, em vez de ir até as 14h, o presidente do sindicato se comprometeu a parar as 12h. É o horário que menos transporta gente na cidade."

O diretor disse também que a SPTrans vai fazer boletins de ocorrência de todos ônibus paralisados e multar as empresas pelas partidas não cumpridas, monitoradas por GPS.

"Nós vamos autuar todas as empresas, as linhas que não operaram vão ser multadas, nós vamos abrir um boletim de ocorrência contra o sindicato por essa paralisação."

O presidente do sindicato dos motoristas e cobradores (Sindmotoristas), José Valdevan de Jesus Santos, o Noventa, afirmou que em conversa nesta terça-feira, 4, com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) as autoridades discutiram a possibilidade de criação de um telefone exclusivo para colher denúncias sobre criminosos que ateiam fogo em ônibus.

Além disso, avalia-se a possibilidade de um departamento especial para a investigação de casos de incêndio em ônibus dentro da polícia.

"Falta a conscientização de que a população precisa dar para esses trabalhadores. São os próprios usuários que vêm atirando fogo. Tocar fogo em ônibus resolve o quê? Virou moda e não aguentamos mais. Os trabalhadores estão amedrontados e pedindo socorro", afirmou Noventa.

Acompanhe tudo sobre:GrevesIncêndiosÔnibusProtestosProtestos no BrasilTransporte públicoTransportes

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame