Odebrecht causa tentativa de salvação com anistia, diz procurador
Ele insinuou que os parlamentares estão "em polvorosa" com a delação negociada pela Odebrecht
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de novembro de 2016 às 12h08.
Última atualização em 24 de novembro de 2016 às 12h09.
Brasília - A articulação do Congresso para anistiar o caixa 2 é uma tentativa, na verdade, de conseguir um perdão para os crimes de corrupção . A avaliação é do procurador regional da República e integrante da Força-Tarefa da Lava Jato em Curitiba Carlos Fernando dos Santos Lima.
Em debate em Brasília, o procurador insinuou que os parlamentares estão "em polvorosa" com a delação negociada pela Odebrecht, na reta final de ser celebrada, e por isso tentam uma "salvação" no Congresso.
"Temos talvez uma grande colaboração a ser celebrada essa semana. Não é à toa que o Congresso Nacional está em polvorosa. Há muitos necessitados de salvação entre deputados e senadores e são eles que estão agora abandonando todo o pudor, lutando pela sua sobrevivência", disse Carlos Fernando.
Em discurso duro, ele foi crítico à repatriação de recursos e à reação do Congresso que tenta alterar o pacote das medidas contra a corrupção. Segundo ele, hoje "não é dia de luva de pelica, é dia de luva de boxe", para conseguir aprovar as medidas na sua essência.
"A ideia de se anistiar caixa 2 é falsa. O que se pretende é anistiar corrupção. (...) O que está se pensando no congresso nacional é uma anistia aos que em troca de contratos públicos receberam valores. Isto não é crime de caixa 2. Isto é corrupção", disse Carlos Fernando.
Segundo o procurador, presos da Lava Jato e do Mensalão deveriam sair da cadeia se a anistia for aprovada.
"José Dirceu terá direito de ser liberado no dia seguinte da sanção dessa lei. A redação do que vai ser apresentado essa noite vai incluir corrupção, vai incluir anistia para lavagem de dinheiro. Se aprovada, todo o trabalho desde o mensalão irá para o lixo", afirmou, em evento organizado na Procuradoria-Geral da República na manhã desta quinta-feira, 24, em que procuradores fazem debate sobre as medidas junto com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).