No debate da Gazeta, Boulos, Nunes, Tabata e Datena miram em Marçal e trocam acusações
Evento foi marcado por troca de ataques e acusações entre os candidatos. Marçal e Nunes foram os principais alvos
Publicado em 1 de setembro de 2024 às 19h42.
Última atualização em 2 de setembro de 2024 às 23h33.
A TV Gazeta e o portal My News realizam neste domingo, 1º, o quarto debate com candidatos à prefeitura da cidade de São Paulo. O encontro foi marcado por acusações e ataques, em especial ao influenciador Pablo Marçal (PRTB). O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), a deputada federal Tabata Amaral (PSB), e o apresentador José Luiz Datena (PSDB) direcionaram seus ataques a Marçal, que cresceu nas últimas semanas nas pesquisas.
A imprensa, que foi informada no credenciamento que poderia acessar o estúdio do debate,foi proibida pela organização de entrar no local. Segundo os assessores dos postulantes, as regras apresentadas aos candidatos durante a semana definiam que não haveria plateia no estúdio, o que incluía jornalistas e fotógrafos. A decisão limitou o trabalho de jornalistas presentes no evento.
Ataques marcam o primeiro bloco
O primeiro bloco, que teve embate entre os candidatos, foi marcado somente por ataques e nenhuma discussão aprofundada de proposta para a cidade.
Logo na primeira pergunta, Marçal e Boulos discutiram, com o influenciador voltando a insinuar que o deputado do PSOL faz uso de drogas ilícitas. Na resposta, Boulos afirmou que Marçal é um “bandido condenado” e disse que o adversário faz uso de um processo contra outra pessoa, também chamada Guilherme Boulos, para "mentir" sobre o uso de drogas.
Marçal seguiu como alvo na pergunta seguinte feita pelo candidato à reeleição Ricardo Nunes, que o apelidou de “Pablito”. O prefeito citou uma reportagem do UOL que revelou áudios que mostram a suposta participação do influenciador em um esquema de fraudes bancárias.
A investigação da Polícia Federal apontou que Marçal integrava um grupo de pessoas que disparava e-mails com assuntos chamativos como a promessa de adesão a programas sociais do governo e conteúdos pornográficos para atrair vítimas e roubar senhas bancárias.
O ex-coach chegou a ficar preso temporariamente por dois dias no curso do inquérito em 2005 e foi condenado, mas a pena foi prescrita.
Nunes sugeriu que Marçal não teria condições de lidar com temas de segurança pública por conta de seu histórico. E foi chamado pelo influenciador de “bananinha”, que citou a investigação da “máfia das creches” contra o prefeito e ameaçou Nunes de prisão, caso ele não seja reeleito e Marçal ganhe as eleições.
O único momento da primeira parte do debate em que um tema sobre a cidade apareceu foi quando Tabata questionou Nunes sobre a queda de alfabetização em São Paulo.
“De cada três alunos, dois estão chegando no segundo ano sem saber ler e escrever. Como explica tamanha maldade? Como explica São Paulo ter caído tanto em educação?”, provocou a candidata do PSB.
Na resposta, Nunes argumentou que zerou a fila das creches.
Ainda no primeiro bloco, Nunes teve dois direitos de resposta contra posições de Marçal. “Hoje cai a máscara do Pablo Marçal. Cara condenado por roubar dinheiro das pessoas aposentadas”, resumiu Nunes.
O prefeito, contudo, foi alvo de Datena, que o chamou de “um possível condenado falando de um condenado”. Os candidatos do PSDB e do PSOL também chamaram atenção para a fila do Sistema Único de Saúde (SUS), com acusações sobre a atual gestão na área.
Em seguida, Datena e Tabata entraram no assunto da segurança pública para apontar críticas a Marçal.
“Estou entrando com uma ação na justiça eleitoral, mostrando como o Pablo, com financiamento ilegal e uso abusivo econômico, conseguiu tantos seguidores. Suspeitas de caixa dois e lavagem de dinheiro têm tudo a ver com o crime organizado. A quem interessa a candidatura de Pablo?”, argumentou Tabata.
Segundo bloco tem perguntas de jornalistas
No segundo bloco, os candidatos responderam perguntas de jornalistas. Na primeira pergunta, Marçal foi questionado sobre o seu posicionamento na eleição e a falta de apresentação de propostas. Na resposta, o ex-coach não respondeu a pergunta, e atacou o jornalista Josias de Souza e os demais adversários.
Na sequência, Boulos foi questionado sobre a privatização da Sabesp, concessões e parcerias público-privadas. Na resposta, o deputado criticou o processo e disse que Nunes aceitou assinar com a empresa, agora privada, em troca de apoio político. O atual prefeito defendeu a desestatização e afirmou que o processo irá universalizar o saneamento na cidade até 2029.
Tabata foi questionada sobre propostas em relação à segurança pública e à situação da Cracolândia. A deputada prometeu trabalho coordenado com o governo de estado e disse que Marçal, com supostas ligações com o crime organizado, não poderá lidar com esses problemas.
Terceiro bloco é marcado por embate entre Marçal e Datena
O terceiro bloco, em que sete temas da cidade foram sorteados para perguntas e respostas dos candidatos, parecia que daria espaço para o debate de propostas como mobilidade, zeladoria, segurança pública, educação e economia. Porém, o bloco foi marcado mesmo pelo embate entre Datena e Marçal.
O influenciador foi sorteado para falar sobre educação, tema no qual prometeu educação financeira e emocional, e disse que transformará a escola pública em “escola olimpíada”. “Porque o esporte molda caráter”, disse o candidato do PRTB, atacando o adversário do PSOL com comentários gordofóbicos: “Olha o Boulos e vê como ele está inflamado”.
Marçal também prometeu um programa de profissionalização para os mais de 2 milhões de CNPJs cadastrados na cidade. Ao concluir sua fala, o ex-coach foi advertido pela organização do debate sobre o uso de palavras chulas.
Datena aproveitou o tema para voltar a criticar a gestão de Nunes na educação. Acusou o prefeito de ter cumprido apenas 7% da meta nacional de construção de escolas integrais e prometeu melhorias nas creches e alfabetização das crianças até seus 8 anos.
A briga começou na réplica de Marçal, quando o candidato repetiu que Datena seria um “fujão” por ter se ausentado no debate da Veja e ser um candidato do “TP” [teleprompter], pouco interessado na corrida eleitoral. Em sua resposta, Datena subiu o tom e acusou o influenciador de ter ligado para ele um dia antes do debate na Band, no dia 8 de agosto, para combinar um ataque contra Nunes e Boulos. O tucano disse que não aceitou fazer parte do esquema de Marçal.
Sem tempo de resposta, o ex-coach pediu direito de resposta e ficou retrucando Datena. O apresentador saiu do púlpito em direção a Marçal e foi advertido pela produção. O candidato do PRTB por sua vez perdeu o direito de respostas por provocar Datena, chamando-a para briga.