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Mudança em articulação aumentará chance de reforma, diz Maílson

Para ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências, condições são favoráveis mas é preciso mudar estratégia de negociar via frentes parlamentares

O economista Maílson da Nóbrega (Foto/Exame)

João Pedro Caleiro

Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 10h32.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2019 às 10h34.

O presidente Jair Bolsonaro tem de 70% a 80% de chances de aprovar uma boa reforma da Previdência considerando-se que sejam confirmadas as notícias recentes de que o governo vai mudar sua articulação política e aceitar compartilhar poder com os partidos, diz o ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria, Maílson da Nóbrega.

Bolsonaro se beneficiaria de uma série de condições que outros presidentes não tiveram para aprovar a reforma. Entre estes fatores, estaria o fato de a sociedade, inclusive o Congresso , estar mais amadurecida sobre o tema.

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Haveria ainda um enfraquecimento do PT e da esquerda como um todo, que sempre lideraram a oposição às reformas, além da desmoralização de mitos antigos, como o de que o déficit previdenciário não existe.

“Quando se computa todos estes fatores, as chances da reforma aumentam”, disse Maílson, em entrevista por telefone. Ele ainda destaca o fato de o governo estar enfatizando que o eixo da reforma é combater privilégios e desigualdades, atingindo todos os setores.

Na mesma linha, a contribuição progressiva, menor para quem ganha menos, e a cobrança dos atrasados poderiam desarmar o discurso da oposição de que a reforma é contra o pobre e de que a solução seria cobrar empresas em dívida com a Previdência.

Por fim, Bolsonaro está em início de mandato e tem capital político, o que favoreceria a aprovação de medidas ousadas.

Embora considere a proposta tecnicamente “muito competente”, Maílson diz que o governo só terá sucesso se mudar a articulação com o Congresso.

Para ele, Bolsonaro escolheu uma estratégia que não terá chance de dar certo se for mantida, que é negociar só com as frentes parlamentares, normalmente focadas em pautas de interesse corporativos próprios, e não em medidas macro.

Num sistema multipartidário como o Brasil, quem tem as prerrogativas regimentais são os partidos, cujos líderes definem a pauta do Congresso, afirma o ex-ministro.

Aos olhos da população, o sistema de compartilhamento de poder ficou com imagem arranhada pelos casos de corrupção em governos passados, mas Maílson defende ser possível negociar com as bancadas sem comprometer a ética.

“Sem coordenação, o risco de derrota é muito grande”, diz o ex-ministro, que cita como exemplo o fracasso do governo esta semana na votação do decreto sobre acesso à informação.

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