Ministro da Defesa busca recursos para Forças Armadas, enquanto governo discute bloqueio de gastos
Equipe do Ministério da Fazenda avalia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas dos ministérios para o próximo ano
Agência de notícias
Publicado em 18 de julho de 2024 às 07h19.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais recursos para as Forças Armadas enquanto a equipe econômica discute contingenciamento do Orçamento federal. A equipe do Ministério da Fazenda também avalia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas dos ministérios para o próximo ano.
Múcio levou a Lula dados de uma série histórica de 2014 a 2024 que mostram que este foi o ano no qual o ministério contou com o menor valor voltado ao pagamento de despesas discricionárias e de recursos direcionados para investimentos de projetos estratégicos — agora incluídos no Novo PAC. Os números do Ministério da Defesa apontam perda de 47% de recursos da pasta ao longo de uma década.
Despesas discricionárias abrangem, por exemplo, pagamento de energia elétrica, combustível e água para funcionamento de organizações militares, além das horas de voos empregadas em operações. O argumento levado a Lula é de que o ministério precisa de mais recursos para concluir o ano e seguir funcionando como está.
Múcio teve uma sequência de reuniões para tratar o assunto. Primeiro, com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, na segunda-feira. Depois, na terça-feira, com os comandantes das Forças Armadas — do Exército, Tomás Paiva, da Marinha, Marcos Olsen, e da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damansceno — e o presidente Lula.
Na manhã desta quarta, Lula voltou a receber Múcio, dessa vez com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e Rui Costa juntos, para tratar do tema.
O ministro preferiu não antecipar o quanto será necessário para bancar custeio e investimento das Forças.
"Fui levar as nossas despesas. Nossos recursos represados, nos últimos dez anos, tivemos decréscimo na ordem 47%, mostrei os dados ao presidente. Estou precisando de dinheiro para pagar contas e os programas estratégicos", disse o ministro ao GLOBO na quarta.
Integrantes da cúpula das Forças Armadas que tiveram com Lula na terça para tratar do tema avaliaram que o presidente demonstrou sensibilidade com a demanda, especialmente no que diz respeito a recursos para manutenção dos serviços prestados pelas forças.
Sobre os investimentos, o Novo PAC reservou R$ 52,8 bilhões em projetos estratégicos de Defesa, grande parte deles já previstos pelas três Forças.
O plano de investimentos prevê para o Exército a compra e desenvolvimento de veículos blindados, de drones e a modernização de helicópteros. Para a Marinha, está previsto o submarino nuclear, construção de fragatas e de submarinos convencionais. Já na Aeronáutica, foram incluídos no programa o programa de compra e desenvolvimento do F-39 Gripen, caças suecos que foram adquiridos ainda no governo de Dilma Rousseff e que está em execução.