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Ministro cita economia ao falar de Enem: 'Imagina se tivéssemos contratado tudo?'

Ministro da Educação, Milton Ribeiro disse que a previsão de abstenção do Exame Nacional do Ensino Médio foi acertada e ajudou contra gasto excessivo

 (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

(Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 24 de janeiro de 2021 às 15h06.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse neste domingo, 24, que a previsão de abstenção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi acertada e afirmou que se o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) tivesse contratado espaços para todos os inscritos poderia ter tido gasto excessivo de dinheiro.

"Se houve um pensamento de 30% [de abstenção], nós estávamos certos. Porque foi de 51%", afirmou ao ser indagado sobre relatos de secretários e reitores, que afirmaram que a organização do Enem contava com a ausência de estudantes para garantir o distanciamento de alunos.

"Imagine se o Inep tivesse contratado tudo [salas para todos os inscritos]?", disse ainda o ministro. "O valor do dinheiro público que haveríamos de usar..."

Ribeiro acompanhou a entrada de candidatos na Escola Estadual Cesar Martinez, em Moema, na zona sul de São Paulo. Os estudantes fazem provas de Ciências da Natureza e Matemática neste domingo.

Documento enviado pela Cesgranrio, empresa contratada para a aplicação da prova, à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostrou plano de alocar até 81 estudantes em uma sala com capacidade para 100. O ofício, encaminhado ao Ministério Público Federal em Santa Catarina, prova que partiu da organização do Enem o planejamento de ocupar as salas com capacidade acima de 50%. Esse porcentual havia sido prometido aos candidatos e informado à Justiça pelo Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC).

Sobre o assunto, Ribeiro disse que está sendo monitorado, mas não deu detalhes sobre ações. "Precisamos nos inteirar sobre isso. O presidente do Inep vai dar as respostas", afirmou, destacando que o Inep tem "certa autonomia" em relação ao MEC.

Na semana passada, a Defensoria Pública da União (DPU) entrou com um pedido à Justiça Federal para anular decisão que manteve o Enem nos dias 17 e 24 de janeiro, sob alegação de que o Inep mentiu a respeito da capacidade das salas. O pedido foi negado.

Candidatos que fizeram a prova no domingo passado relataram salas lotadas e disseram que não foi cumprido o distanciamento mínimo de um metro entre os estudantes. "De repente a sala ficou cheia. Comecei a ter crise de ansiedade", disse uma estudante que fez a prova em São Caetano do Sul.

Outros alunos acabaram impedidos de fazer a prova depois que as salas atingiam 50% da capacidade. Eles só foram comunicados de que não poderiam entrar nas classes quando já estavam nos locais de prova. Esses episódios ocorreram em pelo menos 11 locais, nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

Até mesmo na escola que Ribeiro visitou neste domingo, houve relato de sala cheia, embora o colégio tenha apenas 338 inscritos. Rodrigo Silva, de 16 anos, diz que na sala dele, apesar das faltas, havia mais de 20 alunos na semana passada e não foi possível o distanciamento de 2 metros. "Se não tivesse faltado ninguém, estaria lotada."

Apesar dos problemas e da abstenção recorde, de 51,5%, o ministro da Educação classificou, no domingo passado, a realização do Enem, em meio à pandemia, como "um sucesso". "Para quem fez foi um sucesso", disse Ribeiro.

Neste domingo, o ministro voltou a destacar a importância do Enem para o ensino superior privado. "Eles não aguentariam mais um semestre sem mensalidade."

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