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Mineradora BHP responderá na Justiça britânica por desastre em Mariana

O grupo BHP está na mira porque era coproprietário, junto com a brasileira Vale, da mineradora Samarco

Vista aérea do distrito de Bento Rodrigues, em Minas Gerais, em 6 de novembro de 2015, após o rompimento da barragem de rejeitos de minério da empresa Samarco (AFP/AFP Photo)
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AFP

Publicado em 22 de dezembro de 2022 às 17h21.

Última atualização em 22 de dezembro de 2022 às 17h33.

A Justiça do Reino Unido examinará, a partir de 2024, uma ação coletiva que reivindica bilhões de libras da mineradora australiana BHP por sua responsabilidade no rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, Minas Gerais , que deixou 19 mortos em 2015 — informaram fontes vinculadas ao processo nesta quinta-feira, 22.

O grupo BHP está na mira porque era coproprietário, junto com a brasileira Vale, da mineradora Samarco, que administrava a barragem de rejeitos de minério de ferro que se rompeu em 5 de novembro de 2015.

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Mais de 200 mil demandantes, entre ele o povo indígena Krenak, fazem parte desta ação, segundo o escritório de advocacia Pogust Goodhead, responsável por sua defesa, enquanto um número equivalente de clientes se prepara para ingressar nesta mesma demanda.

O escritório, que conseguiu uma vitória depois de quatro anos de procedimentos, diz que este é o maior litígio coletivo já apreciado por um tribunal de âmbito civil na Inglaterra.

No total, a quantia reivindicada à BHP por mais de 400 mil demandantes poderia superar £ 10 bilhões (€ 11,4 bilhões), detalhou o escritório de advocacia, frente aos £ 5 bilhões em danos estimados inicialmente quando a ação foi apresentada.

A data de início do julgamento, cujas audiências estão previstas para se estender por até oito semanas, está "marcada para 9 de abril de 2024", anunciou o Tribunal Superior de Justiça do Reino Unido em sua decisão proferida na quarta-feira e consultada pela AFP.

"Agora é o momento de evitar mais delongas e de fazer avanços substanciais na resolução da disputa", disse o juiz.

A barragem se rompeu perto da cidade de Mariana, em Minas Gerais, liberando uma gigantesca enxurrada de rejeitos e lama que soterrou por completo o distrito de Bento Rodrigues, matando 19 pessoas e deixando mais de 600 moradores desalojados.

Em seguida, o fluxo de rejeitos chegou ao Oceano Atlântico, percorrendo 650 quilômetros através do leito do Rio Doce. Pelo caminho provocou a morte de milhares de animais, devastou áreas protegidas e deixou 280 mil pessoas sem água.

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Trata-se de uma "decisão processual", que "não tem nada a ver com o mérito da ação no Reino Unido", reagiu nesta quinta-feira a mineradora BHP, grupo que é cotado tanto na bolsa de Londres como na de Sydney, em um comunicado enviado à AFP.

A empresa "contesta as reivindicações em sua totalidade e continuará a se defender" neste caso. Além disso, acredita que a ação é redundante com outros processos judiciais em curso no Brasil.

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