Mais propinas de Cunha; Temer: silêncio…
53 vezes mais Eduardo Cunha ainda é o principal assunto em Brasília e em Curitiba. Um balanço do Ministério Público Federal aponta que o patrimônio real do ex-deputado, contabilizando os ganhos com vantagens indevidas, pode chegar a 53 vezes mais do que o declarado. Documentos obtidos por meio do MP da Suíça mostram, entre outras […]
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2016 às 17h35.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h56.
53 vezes mais
Eduardo Cunha ainda é o principal assunto em Brasília e em Curitiba. Um balanço do Ministério Público Federal aponta que o patrimônio real do ex-deputado, contabilizando os ganhos com vantagens indevidas, pode chegar a 53 vezes mais do que o declarado. Documentos obtidos por meio do MP da Suíça mostram, entre outras provas, que Cunha declarou riqueza de 20 milhões de dólares em 2007 —63 milhões de reais na cotação atual — como garantias para abertura de conta no banco Julius Baer. Ele havia declarado 1,2 milhão de reais à Receita do Brasil. Processo semelhante foi usado para abrir contas no Merril Lynch em 2008 e outras reservas ainda não encontradas.
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Cunha e a GOL
As investigações da Lava-Jato também apontam que empresas de transporte rodoviário do empresário Henrique Constantino, um dos herdeiros da GOL Linhas Aéreas, teriam pago propinas a Eduardo Cunha para a criação de uma comissão especial que tentaria isentar tributo sobre combustíveis (Cide) às companhias do setor. Foram identificados repasses para as empresas Jesus.com e GDAV — de propriedade de Cunha — que somam 4,5 milhões de reais entre julho e setembro de 2012 e em maio de 2015.
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Não para
Outra descoberta da Lava-Jato sobre Cunha: uma simulação de empréstimo entre um aliado político e sua esposa, Cláudia Cruz, com o objetivo de lavar dinheiro. A Igreja Evangélica Cristo, que pertence a Francisco Oliveira da Silva, ex-deputado federal e aliado de Cunha, teria declarado à Receita um depósito de 250.000 reais na conta de Cláudia que nunca aconteceu. “A simulação do contrato de mútuo serviu apenas como uma fraude para dar lastro para o ingresso de recursos espúrios provenientes dos crimes praticados por Eduardo Cunha no patrimônio da investigada”, aponta relatório.
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Outro inquérito
Na investigação de novo crime supostamente cometido pelo ex-deputado, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, enviou para a Justiça Federal do Rio Grande do Norte um inquérito aberto contra Eduardo Cunha, o ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, por corrupção em doações de campanha. Segundo conversas interceptadas pela PF no celular de Léo Pinheiro, Cunha tratava com o empresário sobre votações de interesse da empreiteira, cobrando posteriormente doações da OAS para campanha de Alves ao governo do RN, em 2014.
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Comigo não morreu
No Palácio do Planalto, ninguém toca no assunto Eduardo Cunha. A “lei do silêncio”, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, foi ordenada pelo próprio presidente Michel Temer. A estratégia é exatamente a adiantada pelo analista Lucas de Aragão, diretor da consultoria Arko Advice, em entrevista a EXAME Hoje na noite de quarta-feira. “A postura será de que o problema de Cunha é só dele. Não é deputado, não é ministro, não é secretário. Será encarado como um político do PMDB e acabou. O governo silenciou porque não pode se manifestar, tudo para não correr o risco para trazer para ‘dentro de casa’ um problema desse tamanho”, disse o cientista político.
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Negado
O ministro do Supremo Teori Zavascki negou nesta quinta-feira o pedido feito pela ex-presidente Dilma Rousseff para suspender a cassação do seu mandato pelo Senado, confirmada no processo de impeachment em agosto. A decisão ainda passará por avaliação do plenário da Casa, mas Teori considera que não cabe ao Supremo interferir na questão. “Seriam enormes as implicações para a credibilidade das instituições brasileiras no cenário mundial promover, mais uma vez – e agora por via judicial – alteração substantiva e brusca no comando da Nação”, disse.
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Ioiô da repatriação
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou mais uma vez que o projeto de alteração da lei de repatriação está “enterrado”. Toda a discussão — sem acordo — se deu pelo montante que seria destinado aos estados do valor total arrecadado. “Os governadores hoje devem estar arrependidos”, disse Maia, que indicou que mais de 10 bilhões de reais poderiam ser divididos. Até agora, o governo já angariou 18,6 bilhões de reais. Sem votação da alteração, o prazo termina em 31 de outubro.
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Governo de SP multado
O Governo do Estado de São Paulo foi condenado pela Justiça do Estado a pagar 8 milhões de reais de multa pela violência empregada pela Polícia Militar nas manifestações de 2013. A decisão do juiz Valentino Aparecido de Andrade, da 10ª Vara da Fazenda Pública da Capital, determina ainda a elaboração de plano de atuação policial em protestos e proíbe o uso de armas de fogo, balas de borracha e gás lacrimogêneo, “exceto em situações excepcionalíssimas”. A Procuradoria-Geral do Estado disse que ainda não foi notificada, mas recorrerá da decisão.