Maia ganha, Temer ganha, Cunha perde
O novo presidente da Câmara dos Deputados é o carioca Rodrigo Maia (DEM), que venceu Rogério Rosso, do PSD, no segundo turno de votação, por 285 votos a 180. Numa eleição que avançou pela madrugada de quinta-feira, com muitas idas e vindas e negociações de bastidores, a vitória de Maia é uma dura derrota para […]
Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2016 às 06h23.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h48.
O novo presidente da Câmara dos Deputados é o carioca Rodrigo Maia (DEM), que venceu Rogério Rosso, do PSD, no segundo turno de votação, por 285 votos a 180. Numa eleição que avançou pela madrugada de quinta-feira, com muitas idas e vindas e negociações de bastidores, a vitória de Maia é uma dura derrota para os partidos do Centrão e para o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, que apoiava Rosso.
Maia é filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia e está na quinta legislatura como deputado federal. Sua vitória devolve poder aos Democratas, que perdiam importância desde a eleição de Lula para a presidência, em 2002. Quem também saiu vitorioso foi o PSDB, que tem um trato com Maia para apoio a uma eventual candidatura do partido em fevereiro de 2017, nas próximas eleições para o cargo. Em seu discurso da vitória, Maia agradeceu o PSDB.
O presidente interino Michel Temer é outro que pode dar-se por satisfeito. Maia traz estabilidade para a Câmara, e esvazia o poder de barganha dos partidos do Centrão. Esse, aliás, deve ser o maior desafio de Temer durante o recesso parlamentar, que começa amanhã — evitar que os 13 partidos que se uniram em torno de Rosso no segundo turno se dividam, e dificultem a vida do governo no legislativo.
Por incrível que pareça, o PT também pode considerar a vitória de Maia positiva. Maia articulou apoio da esquerda e garantiu em seu discurso que a minoria será respeitada, acabando com o vale-tudo que vigorou na Câmara nos últimos tempos. Segundo ele, sua candidatura foi ideia do tucano Carlos Sampaio e de Orlando Silva, do PCdoB. Os dois se uniram em torno de um inimigo em comum: Eduardo Cunha. O futuro do ex-presidente da Câmara, aliás, pode ser decidido hoje na Comissão de Constituição e Justiça. Uma derrota seria um golpe de misericórdia em um político que esvazia a cada dia.