Lula critica ódio da política e recebe bênção de frei nesta segunda-feira
Candidato se reuniu como religiosos em evento em São Paulo e falou sobre eventuais mudanças em políticas públicas caso seja eleito
Da redação, com agências
Publicado em 17 de outubro de 2022 às 20h24.
O candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta segunda-feira, 17, em São Paulo, com religiosos cristãos católicos durante atividade de campanha à tarde. Em sua fala, o petista mencionou a divisão causada no país pelas divergências políticas e citou ataques recentes sofridos por padres durante a realização de missas.
"Eu nunca tinha visto o Brasil tomado pelo ódio, como uma parte da sociedade brasileira está hoje. Eu tenho lido notícias de padres atacados durante a missa porque estão falando da fome, da pobreza e da democracia. Eles são sendo atacados por pessoas que sempre conviveram com a gente e a gente não sabia que essa pessoa tinha tanto ódio dentro dela", disse.
Lula criticou o que chamou de " direta raivosa ", que tem ampliado sua influência na política não apenas no Brasil, mas em muitos países. "Estamos vendo a direita ganhar espaço em muitos lugares, uma direita raivosa. Pessoas que não conhecem a palavra democracia, a palavra respeito".
Reformulação de políticas públicas
O candidato afirmou que, se eleito, retomará a realização das conferências setoriais, com ampla participação social, para a formulação de políticas públicas. Ele destacou que mais de 70 conferências nacionais foram realizadas durante a gestão petista no governo federal.
"Eu tenho a experiência de que, só tem sentido eu estar nessa disputa, se a gente tiver como obrigação que o povo decida as políticas que o governo vai colocar em prática nesse país", afirmou.
Pela manhã, o ex-presidente fez uma caminhada no bairro de São Mateus, na zona leste de São Paulo, com a participação de aliados. Durante o ato de campanha, Lula prometeu que o comércio vai voltar em seu governo. “Nós vamos tomar a atitude de recompor o poder aquisitivo do povo brasileiro”, disse.
Segundo o ex-presidente, o salário mínimo não tem aumento real há pelo menos cinco anos e garantiu que vai retomar a política de valorização do piso nacional. “O salário mínimo é ganho por 36 milhões [de pessoas], dos quais 22 milhões são aposentados”, disse. “O salário mínimo não aumenta, prejudicando as pessoas que recebem pensão e aposentadoria e que estão há cinco anos sem receber o reajuste”.
Bênção de religiosos
Lula recebeu uma bênção do Frei Davi em ato com católicos em São Paulo. Com a imagem de Nossa Senhora Aparecida nas mãos, Frei Davi pediu que a santa "abra os caminhos" e proteja Lula e seu candidato a vice, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB).
O frei também deu uma bênção a Lúcia França (PSB), candidata a vice-governadora de São Paulo, com críticas ao adversário Tarcísio de Freitas (Republicanos). O cabeça de chapa, Fernando Haddad (PT), deixou o evento pouco antes para participar do Roda Viva nesta noite.
"Mãe Querida, Lúcia e Haddad vão enfrentar candidato laranja. Não pode isso, Mãe Querida. E além de ser laranja, é candidato que está envolvido no Orçamento Secreto. Não pode isso, Mãe querida", afirmou o Frei.
Lula, que tem repetido que não quer usar igrejas para conquistas eleitores, afirmou no evento que não estava pedindo votos. O ex-presidente recebeu nesta segunda-feira apoio de cerca de 200 religiosos católicos, entre padres, freiras, frades e outros, em evento que teve discursos e músicas de louvor.
'Congresso mudou para pior'
No mesmo evento, o ex-presidente também afirmou que o Congresso Nacional "mudou para pior". Em 2 de outubro, a população consagrou na eleição de deputados e senadores um Parlamento mais conservador e ligados a pautas que orbitam o bolsonarismo.
"Esperamos para ver se ia mudar para melhor o Congresso e mudou para pior", declarou Lula. "Se olhar para cara do Congresso Nacional, se pensar que todos nós somos maioria, somos minoria lá", acrescentou, ao destacar a discrepância entre representantes do agronegócio e dos sem-terra em Brasília.
Para ele, que voltou a mostrar confiança em sua vitória, 2023 será um ano "muito complicado" com o Orçamento já em tramitação no Congresso e com parlamentares conservadores.
"Estamos vivendo momento difícil, nunca vivi momento como esse no Brasil", afirmou o petista. "Se eu tivesse juízo, não estaria concorrendo à Presidência da República. Eu casei em junho com a Janja e queria fazer viagem para Garanhuns", brincou, em seguida.
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