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Lewandowski envia à PGR notícia-crime contra Bolsonaro por caso Flávio

O motivo é suposta mobilização de órgãos como Abin e a Receita pelo presidente para encontrar prova que anulasse o "caso Queiroz"

Flávio Bolsonaro: notícia-crime enviada à PGR contra uso de órgãos públicos para sua defesa (Adriano Machado/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2020 às 08h12.

Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 10h26.

O ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF ), Ricardo Lewandowski, enviou nesta terça-feira à Procuradoria-Geral da República uma notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro e outros membros do governo.

O objetivo é investigar suposto envolvimento de órgãos do governo na defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, de modo a inocentá-lo no caso Queiroz. Flávio foi denunciado pelo Ministério Público do Rio no esquema de "rachadinha" na Alerj, Assembleia Legislativa do Rio.

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A notícia-crime enviada por Lewandowski foi protocolada pela deputada Natália Bonavides (PT-RN). Bonavides cita na ação que o uso dos órgãos de governo, se confirmado, configuraria crimes como tráfico de influência, advocacia administrativa e improbidade administrativa dos envolvidos.

Órgãos como o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e a Receita Federal, além da estatal de dados públicos Serpro, teriam sido mobilizados para encontrar provas que favorecessem Flávio no caso Queiroz. Essa "união" dos órgãos federais teria começado depois que a defesa de Flávio apresentou uma suspeita que poderia anular o caso, e o governo se mobilizou para tentar prová-la.

Estariam envolvidos, além do próprio presidente Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, e Alexandre Ramagem, diretor da Abin.

O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou em outubro Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz pelo esquema das rachadinhas.

Na denúncia de cerca de 300 páginas, Flávio foi apontado como líder da organização criminosa e Queiroz como o operador do esquema de corrupção que funcionava no gabinete do senador. Ambos foram acusados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Outras 15 pessoas também foram denunciadas.

Declarações do presidente

Bolsonaro não comentou publicamente o envio da notícia-crime pelo STF. Mas, nesta terça-feira, o presidente foi notícia ao fazer declarações polêmicas sobre a CoronaVac, vacina testada pelo Instituto Butantan, o coronavírus no Brasil e a relação com o presidente eleito nos Estados Unidos, Joe Biden.

Ainda sem parabenizar Joe Biden, o presidente Bolsonaro se referiu indiretamente ao americano ontem. Ao citar comentário crítico de Biden sobre o Brasil e a Amazônia, em que Biden ameaçou em debate antes de ser eleito impor barreiras comerciais contra o Brasil, Bolsonaro disse que "apenas na diplomacia não dá". "Quando acaba a saliva tem que ter pólvora", disse.

Críticos afirmam que as falas de Bolsonaro visaram nublar os desdobramentos do caso envolvendo Flávio.

Também ontem, dessa vez ao falar sobre o coronavírus, o presidente disse que o Brasil precisa parar de ser um "país de maricas". “Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer”, disse.

(Com Agência O Globo)

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