Lava Jato denuncia 6 por desvio de R$ 875 mil em contratos no DER do Rio
Segundo o MP, a empresa Route integrava o consórcio contratado em 2010 para prestação de serviços de fiscalização de trânsito
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de julho de 2019 às 06h40.
Última atualização em 16 de julho de 2019 às 07h16.
São Paulo — A Operação Lava Jato no Rio denunciou seis investigados por corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro em contratos do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ). O Ministério Público Federal informou nesta segunda-feira, 15, que identificou, a partir de um acordo de leniência, o pagamento de propina de R$ 875 mil sobre contratos do DER com a empresa Route Tecnologia ao ex-chefe de gabinete do órgão Lineu Martins.
Na denúncia, também é acusado o ex-presidente da Fundação DER-RJ Henrique Ribeiro. A Lava Jato afirma que Lineu tinha por função acompanhar, fiscalizar e controlar a execução de contratos e convênios firmados com o órgão.
Segundo a Procuradoria da República, a empresa Route integrava o Consórcio Guanabara, contratado em 2010 para prestação de serviços de fiscalização de trânsito, operação e gestão de informações de trânsito nas vias sob jurisdição do órgão.
A acusação relata que a empresa "apresentou a proposta de leitura de placas de veículos em tempo real por meio de OCR e o monitoramento de estradas por motocicletas equipadas com câmeras".
"Para desenvolver o sistema, Lineu forçou a subcontratação da empresa Softharde Soluções Ltda, administrada por Andriano Martins, seu irmão, e que tinha como sócia sua esposa, Juliana Castilho, ambos também denunciados", informa a Lava Jato em nota.
"Em acordo de colaboração, os sócios e administradores da Route, incluídos na denúncia, revelaram que, apesar de efetivamente prestar serviços, a Softharde não tinha empregados e toda equipe de apoio era fornecida pela Route. Além dos pagamentos de desenvolvimento do sistema, a Softharde também era usada pra repassar valores a Lineu Martins."
Pelo serviço, afirmam os procuradores, eram pagos R$ 51 mil por mês. Na análise das movimentações bancárias, a Lava Jato identificou o repasse mensal de R$ 62,5 mil por pouco mais de um ano, o que correspondia a cerca de 1% do valor do contrato da Route com o DER, e a transferência, em sequência, dos mesmos R$ 62,5 mil de Andriano para Juliana.
"Interessante notar que, devido aos sócios da empresa serem o irmão e a esposa de Lineu, a apropriação da propina por este estava sobremodo facilitada, podendo o denunciado usufruir dos valores ilícitos de variadas formas, de difícil rastreamento. Cumpre ressaltar que os depósitos feitos pela Route Tecnologia à Softharde às vezes eram maiores que o previsto mensalmente para os contratos, tendo em vista que não era incomum haver atrasos no pagamento por parte do governo fluminense", relata a denúncia da Lava Jato.
Defesas
O DER-RJ informou que não vai se manifestar.
A reportagem tenta contato com outros citados, mas ainda não obteve retorno.