Justiça busca acordos após bloquear R$ 48 mi no Brasil
A quantia teria sido desviada pelo esquema de corrupção na Petrobrás investigado pela Operação Lava Jato
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2014 às 12h14.
Curitiba - A Justiça Federal vai buscar nos bancos de países como Suíça, Alemanha, Holanda, China, Estados Unidos, Canadá, Peru e Uruguai a "verdadeira fortuna" que teria sido desviada pelo esquema de corrupção na Petrobrás investigado pela Operação Lava Jato.
Por decisão do juiz federal Sérgio Moro, foram bloqueados em contas no Brasil R$ 47,8 milhões em nome dos acusados e de empresas ligadas a eles, valor abaixo do previsto pelas autoridades.
As contas pertencem a 14 executivos de empreiteiras sob investigação, ao ex-diretor de Serviços e Engenharia Renato Duque, ligado ao PT, e ao empresário Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB.
Três empresas ligadas a esses dois investigados também são alvo do bloqueio.
A Justiça Federal conseguiu bloquear R$ 3,2 milhões em uma conta de Duque. Outros R$ 8,5 milhões estavam em nome de duas empresas de Fernando Baiano, e R$ 10,2 milhões pertencem ao presidente da UTC Engenharia, Ricardo Ribeiro Pessoa.
Para a Polícia Federal, ele é o coordenador do "clube" de empreiteiras que formaram um cartel para fraudar contratos com a estatal.
O maior volume de dinheiro foi encontrado em cinco contas do empreiteiro Gérson de Mello Almada: R$ 22,6 milhões. Almada é vice-presidente da Engevix Engenharia.
Moro determinou o embargo de até R$ 20 milhões nas contas brasileiras dos acusados. Parte estava com contas zeradas ou com valores irrisórios.
Por isso, há suspeitas de que alguns investigados foram alertados com antecedência e fizeram movimentações financeiras a fim de burlar o bloqueio judicial.
Agora, as autoridades federais da Operação Lava Jato vão buscar a identificação das contas mantidas fora do Brasil para fazer acordos de cooperação internacional e tentar, com isso, o bloqueio legal desses valores.
As investigações detectaram contas no exterior em nome de outros envolvidos no esquema e acredita-se que a praxe se repita.
No caso do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, por exemplo, a maior parte do dinheiro que ele aceitou devolver, cerca de R$ 70 milhões, estava na Suíça.
O ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco, braço direito de Duque, que concordou em devolver US$ 100 milhões depositados no exterior, teve US$ 20 milhões bloqueados por autoridades suíças. Por ter aceito iniciar um acordo de delação premiada, ele não foi preso.
O bloqueio foi determinado pela Justiça Federal como medida cautelar, tendo como objetivo o ressarcimento ao erário de recursos desviados no esquema de corrupção da Petrobrás.
Fortuna oculta. Duque, que está detido na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, desde sexta-feira, até agora não revelou se tem dinheiro oculto. Ele nega ilícitos. Moro afirmou que o ex-diretor tem "fortuna no exterior" que estaria "oculta, em contas secretas".
O ex-diretor é apontado como responsável do PT pela cobrança de propina dentro da Petrobrás. Por meio da diretoria de Serviços, o partido ficava com 2% dos contratos da estatal, segundo afirmaram Costa e o doleiro Alberto Youssef, ambos delatores do caso.
Fora isso, Duque foi apontado pelos executivos das empresas Toyo Setal, Julio Gerin Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, como o contato do "clube" montado pelas construtoras Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, UTC e Engevix.
O grupo se reunia para definir obras e valores de grandes contratos públicos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
![Odebrecht](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_ax173_1190_92.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
2 /10(Paulo Fridman/Bloomberg)
![UTC Engenharia](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_utc-engenharia3.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
3 /10(Divulgação)
![OAS](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_refinaria-abreu-e-lima-petrobras4.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
4 /10(Divulgação/PAC)
![Engevix](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_engevix3.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
5 /10(Divulgação/ Engevix)
![Galvão Engenharia](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_galvao_engenharia6.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
6 /10(Divulgação/ Galvão Engenharia)
![Queiroz Galvão](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_plataforma-ss-11-rj-nova.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
7 /10(Divulgação)
![Camargo Corrêa](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_camargo-correa-mg6.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
8 /10(Divulgação)
![Mendes Junior](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_refinaria-mendes-junior1.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
9 /10(Divulgação)
![Iesa](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_iesa.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
10 /10(Divulgação IESA)