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Jungmann assina na Argentina acordo de combate ao crime organizado

"Os bandidos se organizam por WhatsApp em tempo real e nós ficamos presos na burocracia, nas regras, na diplomacia", disse Jungmann

Ministro da Segurança Pública acertou videoconferência a cada 15 dias para acompanhar troca de Informações entre os países (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
AB

Agência Brasil

Publicado em 31 de julho de 2018 às 22h32.

Brasil e Argentina assinaram um acordo, nesta terça-feira (31), em Buenos Aires, para unir forças no combate ao crime organizado que, segundo o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann - "é cada vez mais transnacional e globalizado" e já não pode ser enfrentado por um país, individualmente. O documento prevê ampliar e agilizar a troca de informações entre os dois países, criando uma base de dados comum que possa ser acessada em tempo real por ambos.

"Não se combate mais o crime organizado em um espaço nacional - não há a menor chance", disse Jungmann, em entrevista após a assinatura do acordo com a ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich. "Temos que ter ações de inteligência integradas e compartilhadas", acrescentou.

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Jungmann e Patricia Bullrich acertaram realizar uma videoconferência a cada 15 dias, para acompanhar o cumprimento do Acordo de Cooperação sobre a Troca de Informações para o Fortalecimento da Segurança, como o documento foi intitulado. O ministro brasileiro também propôs criar um fórum sobre segurança regional que inclua todos os países da América do Sul.

"Não temos uma organização sul-americana que integre as diversas seguranças", disse Jungmann. Segundo ele, os países enfrentarão cada vez mais problemas de fronteira, em um continente que reúne grandes produtores e consumidores de drogas. "Os bandidos se organizam por WhatsApp em tempo real e nós ficamos presos na burocracia, nas regras, na diplomacia - não tem como [combater o crime]".

Metástase

O ministro brasileiro também respondeu criticas à intervenção militar no Rio de Janeiro e comparou a cidade com Medellín - um dos centros dos cartéis de narcotráfico da Colômbia, que levou oito anos para melhorar os índices de criminalidade e violência. Mas, segundo ele, dados do Instituto de Segurança Publica (ISP) do Rio de Janeiro já apresentam uma queda em vários tipos de crime, como roubo de cargas, furtos e também homicídios. O único crime que aumentou, segundo ele, foi a letalidade policial.

O ministro defendeu a continuidade da intervenção alegando que, no Rio de Janeiro, 1 milhão de pessoas em 800 comunidades "vivem em estado de exceção, sem direitos nem garantias constitucionais, porque são controladas pelo crime organizado, as milícias e os traficantes de drogas". Jungmann comparou a criminalidade no estado com uma "metástase", que se multiplica e se espalha por todos os setores da sociedade. "Até recentemente, os três últimos governadores, os três presidentes de Assembleias Legislativas e seis dos sete juízes do Tribunal de Contas estavam presos", citou.

Mas a manutenção da intervenção militar terá que ser decidida pelo próximo presidente e o governador do estado. O ministro vê um "entrave" para essa possibilidade. "Durante a intervenção, não pode emendar a Constituição e todos os presidentes têm apresentado emendas constitucionais", lembrou. Mas, segundo Jungmann, dois terços dos cariocas aprovam a presença das Forcas Armadas.

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