Itamaraty pede inclusão de nomes de Guaidó na delegação brasileira na ONU
Véspera da abertura da Assembleia Geral será marcada por mais pressão diplomática contra Maduro
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de setembro de 2019 às 10h25.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil solicitou à Organização das Nações Unidas ( ONU ) o credenciamento de representantes do líder da oposição na Venezuela, Juan Guaidó, como integrantes da comitiva brasileira que participará da Assembleia Geral em Nova York.
Guaidó foi reconhecido pelo Brasil e mais de 50 países, em janeiro, como presidente interino da Venezuela, em meio à pressão da comunidade internacional para encerrar o governo de Nicolás Maduro. Os nomes do embaixador de Guaidó nos EUA, Carlos Vecchio, e da embaixadora do opositor na França, Isadora Guevara foram encaminhados pela missão do Brasil na ONU como acompanhantes da comitiva do presidente Jair Bolsonaro.
A informação foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo Itamaraty ao Estadão. "O Itamaraty confirma o pedido de credenciamento de representantes do governo legítimo venezuelano. Essa medida excepcional foi tomada como forma de assegurar a devida representação na ONU, que aceita apenas nomes indicados pelo regime ditatorial de Caracas", informou em nota o Itamaraty.
Maduro anunciou que não participará da Assembleia Geral, o que tem sido comemorado nos bastidores pela oposição como um sinal de fragilidade do chavismo. No ano passado, no entanto, o chavista fez o mesmo anúncio, mas compareceu de surpresa ao evento.
A véspera da abertura da Assembleia Geral será marcada por mais pressão diplomática contra Maduro. Os países do Grupo de Lima se reunirão na segunda-feira pela manhã, em Nova York, e os signatários do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar) terão uma reunião à tarde.
O pacto, da época da Guerra Fria, pode permitir, no limite, uma intervenção militar na Venezuela. O Brasil vai rechaçar, no entanto, apoio a qualquer opção que inclua uso de força. A previsão é criar uma moldura que permita aplicação de sanções diplomáticas e econômicas pelos países.
Também está prevista uma reunião dos países do hemisfério com a presença do presidente americano, Donald Trump, para discutir a situação da Venezuela na quarta-feira, 25. O Brasil será representado pelo chanceler, Ernesto Araújo, nas três reuniões.