Investigação do caso Marielle rompeu aliança satânica no Rio, diz Jungmann
Ministro lembrou que a entrada de forças federais no caso deu novo rumo às investigações, que até agora eram feitas apenas pela Polícia Civil
Agência Brasil
Publicado em 30 de novembro de 2018 às 21h12.
As investigações em torno da morte da vereadora Marielle Franco , agora federalizadas, romperam uma "aliança satânica" que existe no estado do Rio, que se tornou o "coração das trevas", afirmou o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann . Ele falou com jornalistas nesta sexta-feira, 30, durante anúncio de repasse de 20 milhões para um programa da Marinha de monitoramento da costa do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.
Ao ser questionado se tinha expectativa em relação à solução do caso envolvendo a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março, Jungmann disse que espera ver os fatos esclarecidos o mais depressa possível. Segundo ele, crime envolve pessoas poderosas no estado.
"Nós estamos preocupados em romper a aliança satânica que reúne esses poderes que colocam de joelhos o Rio de Janeiro. Sempre contando com as forças do bem no estado, que lutam contra o reino das trevas, que hoje vige no Rio de Janeiro. Para que a gente acenda as luzes da paz, da tranquilidade e da vida neste coração das trevas, que eu espero tenha os dias contados", disse o ministro, após a solenidade no Comando de Operações Navais, no centro do Rio.
Jungmann lembrou que a entrada de forças federais no caso deu novo rumo às investigações, que até agora eram feitas apenas pela Polícia Civil. "Nós rompemos a blindagem aqui do Rio de Janeiro , com a investigação que está sendo feita do caso Marielle, com a participação da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal. Está rompida a blindagem daqueles que queriam que tudo permanecesse dominado. Pela primeira vez temos a ruptura da couraça que impedia que fossem apurados os podres poderes do Rio de Janeiro", disse o ministro.
Sobre o legado do governo federal na área de segurança e a expectativa, a partir do próximo ano, Jungmann mostrou-se otimista ante a possibilidade de melhora na situação como um todo. "Sem sombra de dúvida, temos uma mudança de sinal. Não quero ser ufanista, porque ainda tem muita violência e facções criminosas. Posso, sim, transmitir esperança, porque hoje há uma coalização do bem que começa a ter resultados positivos. Ainda não está perto, está longe, mas eu não tenho dúvida de que segurança pública no Brasil hoje tem rumo. E tenho certeza de que quem vai nos suceder, o juiz [Sergio] Moro, tem competência, capacidade e biografia, e vai levar adiante este legado, fazendo muito mais", afirmou.
Amazônia Azul
Participaram da solenidade o comandante da Marinha, almirante Leal Ferreira, e o vice-almirante Wladmilson Borges, chefe do Estado-Maior do Comando de Operações Navais.
O Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) utiliza câmeras de longo alcance e radares para fiscalizar, em tempo real, as atividades marítimas. Os primeiros equipamentos foram instalados na Baía de Guanabara, com objetivo de coibir atividades criminosas, como tráfico de drogas e de armas, que muitas vezes chegam às favelas costeiras por meio de embarcações. Em uma próxima fase, o sistema vai abranger um trecho que vai da costa do estado de São Paulo até a do Espírito Santo, onde se concentra o maior fluxo de embarcações. Quando estiver totalmente implantado, no futuro, o SisGAAz vai cobrir uma grande faixa marítima, desde o Rio Grande do Sul até o Amapá, a chamada Amazônia Azul.
Além do combate ao crime, o sistema também será um importante auxiliar na vigilância à poluição das águas e no monitoramento da área do pré-sal, com uso inteligente de câmeras, radares e também satélites, tudo interligado através de um software desenvolvido pela própria Marinha.