Brasil

"Inaceitável", reagem promotores após declarações de Ciro sobre promotora

Ex-ministro chamou de "filha da p..." uma promotora que determinou a abertura de um inquérito para apurar suposto crime de injúria racial do pedetista

Ciro também negou que tenha praticado crime ao chamar Holiday de "capitãozinho do mato" em junho (Adriano Machado/Reuters)

Ciro também negou que tenha praticado crime ao chamar Holiday de "capitãozinho do mato" em junho (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de julho de 2018 às 18h57.

São Paulo - A Associação Paulista do Ministério Público (APMP) emitiu uma nota nesta quarta-feira, 18, na qual repudia as declarações do ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à presidência nas eleições 2018. Durante evento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), na capital paulista, na noite de terça, 17, Ciro chamou de "filha da p..." uma promotora que determinou a abertura de um inquérito para apurar suposto crime de injúria racial do pedetista contra o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM).

"É inaceitável qualquer referência de baixo calão a membro do Ministério Público que atua no exercício constitucional de suas prerrogativas e no estrito cumprimento de seu dever. Da mesma forma, o comportamento do referido ex-Ministro atenta não só contra a independência funcional institucional, mas também contra o próprio Estado Democrático de Direito", afirmou a entidade.

"Além de repudiar com veemência as gravíssimas declarações, a APMP manifesta seu total apoio ao trabalho dos Promotores de Justiça e ao papel fundamental do Ministério Público, Instituição que, exatamente por cumprir seu mister e suas obrigações na defesa da sociedade, vem sendo alvo de constantes e perigosos ataques."

No evento, Ciro criticou a abertura do inquérito. "Um promotor aqui de São Paulo agora resolveu me processar por injúria racial. E pronto, um filho da p... desse faz isso", afirmou. Na verdade, a responsável pelo caso é uma promotora.

Hoje, o pedetista também negou que tenha praticado crime de injúria racial ao chamar Holiday de "capitãozinho do mato" em junho. O ex-governador do Ceará diz ter feito a alusão "defendendo os negros".

VEJA A ÍNTEGRA DA NOTA DOS PROMOTORES

"A Associação Paulista do Ministério Público (APMP), entidade que representa mais de 3.000 Promotores e Procuradores de Justiça do Estado de São Paulo, da ativa e aposentados, vem a público REPUDIAR as declarações feitas pelo Sr. Ciro Gomes, ex-Ministro da Fazenda e da Integração Nacional, referindo-se de forma desrespeitosa a Membro do Ministério Público e, por consequência, a toda a Instituição, fazendo gravíssimas ameaças às honrosas atividades ministeriais, durante sabatina realizada no dia 17 de julho pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

É inaceitável qualquer referência de baixo calão a Membro do Ministério Público que atua no exercício constitucional de suas prerrogativas e no estrito cumprimento de seu dever. Da mesma forma, o comportamento do referido ex-Ministro atenta não só contra a independência funcional institucional, mas também contra o próprio Estado Democrático de Direito.

Dessa forma, além de repudiar com veemência as gravíssimas declarações, a APMP manifesta seu total apoio ao trabalho dos Promotores de Justiça e ao papel fundamental do Ministério Público, Instituição que, exatamente por cumprir seu mister e suas obrigações na defesa da sociedade, vem sendo alvo de constantes e perigosos ataques.

São Paulo, 18 de julho de 2018.

Diretoria da Associação Paulista do Ministério Público"

Acompanhe tudo sobre:Ciro GomesEleições 2018PDT

Mais de Brasil

Lula e Xi Jinping assinam 37 acordos, e Brasil não adere à Nova Rota da Seda

Inovação da indústria demanda 'transformação cultural' para atrair talentos, diz Jorge Cerezo

Reforma tributária não resolve problema fiscal, afirma presidente da Refina Brasil