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"Governo quer abafar a Lava Jato", diz ex-AGU após demissão

Em entrevista à revista Veja, ex-advogado-geral da União atribui demissão à suposta operação do governo para proteger aliados.


	Fábio Medina Osório: o ex-Advogado-geral da União disse que foi demitido por Temer pelo telefone.
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Fábio Medina Osório: o ex-Advogado-geral da União disse que foi demitido por Temer pelo telefone. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 10 de setembro de 2016 às 12h44.

São Paulo - O ex-advogado-geral da União Fábio Medina Osório, demitido na última sexta-feira, 9, acusa o governo de querer "abafar" a Lava Jato. Em entrevista à revista Veja desta semana, ele diz ter sido dispensado "porque o governo não quer fazer avançar as investigações que envolvam aliados". 

Medina diz ter recebido a notícia da demissão pelo presidente Michel Temer pelo telefone.

A reportagem explica que o ex-AGU entrou em rota de colisão com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. O motivo do atrito seriam as intenções de Medina de recuperar dinheiro público desviado da Petrobras. Além disso, Medina, afilhado político de Padilha, queria acesso a inquéritos que comprometeriam importantes aliados do governo.

"Nós ajuizamos uma ação contra as empreiteiras para que elas ressarcissem o Erásmo. Nada mais natural do que fazer a mesma coisa em relação aos políticos", explicou. 

Medina recebeu da Polícia Federal, diz a reportagem, lista com o nome de 14 congressistas e ex-congressistas. São oito do PP (Arthur Lira, Benedito Lira, Dudu da Fonte, João Alberto Piz­zolatti Junior, José Otávio Germano, Luiz Fernando Faria, Nelson Meurer e Roberto Teixeira), três do PT (Gleisi Hoff­mann, Vander Loubet e Cândido Vaccarezza) e três do PMDB (Renan Calheiros, presidente do Congresso, Valdir Raupp e Aníbal Gomes).

No entanto, quando pediu ao Supremo Tribunal Federal para conhecer o conteúdo desses inquéritos, Padilha teria impedido. Por sua intervenção, relata, documentos deixaram de chegar à AGU. Para atrapalhar o envio, o ministro da Casa Civil teria acionado Grace Fernandes Mendonça.

Grace - apresentada na sexta-feira como a nova Advogada-Geral da União e a primeira mulher a integrar o primeiro escalão do governo Temer - era a encarregada da cópia dos inquéritos solicitados por Medina, mas alegou que não conseguiu encontrar o HD com os documentos.

Questionado sobre se acha que o governo tem compromisso com o combate à corrupção, o ex-AGU disse que acha que essa meta ficou enfraquecida. "Basta ver quem é que foi escolhida para me substituir no cargo. Ela é uma assessora que não consegue encontrar um HD".

Apesar disso, Medina diz que não sabe de nada que possa comprometer Temer.

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