G20 busca critérios comuns para economia mundial
Reunião com os ministros das Finanças tenta encontrar indicadores capazes de medir os desequilíbrios econômicos mundiais
Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2011 às 13h31.
Paris - Os ministros das Finanças do G20 se reunirão entre esta sexta-feira e sábado, em Paris, com o objetivo de estabelecer indicadores comuns para medir os desequilíbrios econômicos mundiais, no primeiro encontro oficial do grupo de potências desenvolvidas e emergentes sob a presidência francesa.
Na reunião, que coincide com um momento em que os preços dos alimentos batem recordes, Brasil e Argentina se oporão a qualquer tentativa de impor um controle da cotação das matérias-primas, um ponto que provoca choques entre o mundo desenvolvido e o emergente.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, propôs como metas de seu mandato à frente do G20, que vai até o fim do ano, uma reforma do sistema monetário mundial e o estabelecimento de um controle contra a especulação nos mercados de matérias-primas - duas maneiras, a seu ver, de defender as economias mais pobres dos atuais desequilíbrios comerciais globais.
O primeiro passo seria definir indicadores econômicos capazes de medir as diferenças entre os países e dar início a um processo corretivo - embora muitos enxerguem este projeto como um modo sutil de obrigar a China a reavaliar o iuane, reduzindo seu descomunal excedente comercial.
"Nossa expectativa é alcançar um acordo sobre os indicadores no sábado", disse esta semana a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde.
Segundo uma fonte alemã, é "provável" que haja um acordo fundamentado sobre cinco critérios: o saldo das contas correntes, a taxa cambial real, as reservas cambiárias, o déficit e a dívida pública, além das poupanças privadas.
Uma vez definidos os critérios e examinado o estado de saúde de cada economia, o G20 pode pedir a introdução de reformas para aqueles países que "estão afastados demais do caminho do crescimento internacional ideal", explicou Lagarde.
"Queremos ver avanços que sejam fruto da combinação adequada de políticas nestas circunstâncias", indicou por sua vez um funcionário do Tesouro americano, referindo-se ao impacto das medidas adotadas por um país sobre os demais, e de que maneira esta situação pode ser remediada.
Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) convocaram para sexta-feira uma reunião preparatória, na qual abordarão, entre outros temas, a questão da avaliação das economias do G20 e a reforma do sistema monetário internacional, segundo o ministério da Fazenda.
Já no ano passado, por exemplo, em um encontro de ministros das Finanças do G20, ainda sob a presidência sul-coreana, a China e outros países haviam se declarado contrários a uma proposta americana de estabelecer um limite de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) para os desequilíbrios das contas correntes.
Diante desta reticência, que não inclui apenas os países emergentes, mas também grandes exportadores desenvolvidos como a Alemanha, existe um consenso de evitar referências, neste momento, a metas específicas na hora de enfrentar o abismo que há entre os países.
"O Brasil é totalmente contrário a mecanismos de controle ou regulações do preço das commodities", afirmou na terça-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Mantega evocou outras alternativas: "Uma proposta que poderia ajudar a solucionar este problema é que os países avançados e os emergentes mais dinâmicos se unam em um programa de estímulo para a produção agrícola nos países pobres", declarou, lembrando que outra possibilidade é "eliminar os subsídios" que o mundo desenvolvido concede a seus agricultores.