Fávaro, de MT, e a nova classe média rural
O estado de Mato Grosso tem uma meta climática ambiciosa: garantir o desmatamento ilegal zero até 2020 – dez anos mais cedo que o Brasil. O estado é líder na produção de soja, com 26 milhões de toneladas anuais em 9 milhões de hectares, e quer assumir a frente também na sustentabilidade. Há muito a ser feito. […]
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2016 às 16h53.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h08.
O estado de Mato Grosso tem uma meta climática ambiciosa: garantir o desmatamento ilegal zero até 2020 – dez anos mais cedo que o Brasil. O estado é líder na produção de soja, com 26 milhões de toneladas anuais em 9 milhões de hectares, e quer assumir a frente também na sustentabilidade. Há muito a ser feito. A produtividade da soja, por exemplo, está abaixo da média nacional. De acordo com a Embrapa, a safra 2015/2016 rendeu 2.882 kg/ha no Brasil, e 2.851 kg/ha em Mato Grosso. No Paraná, que é o segundo maior produtor de soja nacional, a produtividade chega a 3.141 kg/ha. Não à toa, o estado do Centro-Oeste brasileiro é palco de frequentes conflitos ambientais, ameaçando a floresta e as comunidades indígenas.
Em entrevista a EXAME Hoje durante o EXAME Fórum Sustentabilidade, o agropecuarista Carlos Fávaro (PSD), vice-governador de Mato Grosso junto ao governador Pedro Taques (PSDB), falou sobre os planos para avançar com ações sustentáveis no estado.
Qual o plano para o estado do Mato Grosso fazer com que mais produtores saiam do desmatamento ilegal e sejam estimulados a adotar mais práticas sustentáveis?
No ano passado, durante a COP 21, em Paris, o governo do estado de Mato Grosso estabeleceu a meta de desmatamento ilegal zero até 2020. É um desafio gigante, mas que encontra respaldo na consciência dos nossos produtores. Mato Grosso tem o maior número de cadastros no Cadastro Ambiental Rural (CAR); 85% das nossas propriedades já estão cadastradas. É um exemplo de que o produtor busca cumprir a legalidade e que aceitou o Código Florestal como marco regulatório. O desafio agora é o Programa de Regularização Ambiental (PRA). Temos que atuar em duas frentes: garantir que a recuperação de passivos dos produtores seja sustentável e eficiente, e mostrar para os produtores os ativos que ele tem, para que isso possa virar uma fonte de renda para a sua propriedade. Mas os números de 2016 já mostram redução de 19% do desmatamento no estado. Os produtores estão criando consciência e esse conjunto de ações certamente vai colocar o Mato Grosso e o Brasil em destaque no cenário de sustentabilidade mundial.
Muitos produtores ainda reclamam da dificuldade de acessar financiamentos. Como o governo planeja ajudar esses pequenos produtores que precisam de recursos para encampar uma agenda mais sustentável?
No estado de Mato Grosso nós criamos o programa PCI, para produzir cada vez mais, ser um gigante na conservação – 60% do nosso território está intacto e assim deve permanecer – e garantir a inclusão. Nós temos hoje 130.000 famílias em pequenas propriedades, abaixo da linha média da agricultura, ganhando muito pouco ou não tendo remuneração. Como nós vamos trazer essas pessoas para o que estamos chamando de nova classe média rural? Elas precisam de muito incentivo do estado, não só financeiro, mas com informação, tecnologia, assistência técnica, programas de crédito. O programa Mais Alimentos, do governo federal, é inacessível se o produtor não tem o título da terra. Então, o estado está fazendo um grande programa de regularização fundiária. Com recursos de programas federais, internacionais e um pouco do estado, é possível levar informação, tecnologia e custeio para formar essa nova classe média rural.
Conflitos ambientais ainda são muito presentes no território. Que tipo de ação o estado está fazendo para que a floresta e as comunidades locais parem de sofrer nas mãos de produtores?
Existem dois modelos. Um é a remuneração do ativo. Junto ao programa de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD) internacional, remunera-se aquele que mantém sua floresta plenamente cadastrada, certificada e preservada. Esse é um modelo positivo. O outro é o da repressão, que ainda se faz necessária. Não podemos deixar a grilagem de terra prevalecer em nenhum lugar do Brasil. Para 2017, estamos entregando um centro integrado de operações ambientais na região noroeste do estado, uma região que ainda persiste com o desmatamento. Esse centro tem moldes semelhantes ao do Gfront, para combate ao tráfico de drogas na fronteira. Vamos convidar Ibama, polícia federal, força nacional, forças militares e civis do estado para combater os crimes ambientais de forma extensiva. Não podemos deixar criminosos cuidando do nosso meio ambiente.
Durante a COP 22, foi ressaltada a importância de estimular o empreendedorismo local e valorizar as comunidades indígenas dentro dos programas de REDD. Como está a implementação dessa política no estado?
Estamos com três programas em desenvolvimento junto a organismos do exterior – e tenho certeza que vão remunerar. Mas a gente precisa muito do dinheiro internacional para fazer essa sustentabilidade funcionar. A redução do desmatamento dá credibilidade ao programa, e agora chegou o momento do chamamento. Creio que não vão faltar recursos para que Mato Grosso implemente definitivamente um programa sustentável.
O estado de Mato Grosso tem uma meta climática ambiciosa: garantir o desmatamento ilegal zero até 2020 – dez anos mais cedo que o Brasil. O estado é líder na produção de soja, com 26 milhões de toneladas anuais em 9 milhões de hectares, e quer assumir a frente também na sustentabilidade. Há muito a ser feito. A produtividade da soja, por exemplo, está abaixo da média nacional. De acordo com a Embrapa, a safra 2015/2016 rendeu 2.882 kg/ha no Brasil, e 2.851 kg/ha em Mato Grosso. No Paraná, que é o segundo maior produtor de soja nacional, a produtividade chega a 3.141 kg/ha. Não à toa, o estado do Centro-Oeste brasileiro é palco de frequentes conflitos ambientais, ameaçando a floresta e as comunidades indígenas.
Em entrevista a EXAME Hoje durante o EXAME Fórum Sustentabilidade, o agropecuarista Carlos Fávaro (PSD), vice-governador de Mato Grosso junto ao governador Pedro Taques (PSDB), falou sobre os planos para avançar com ações sustentáveis no estado.
Qual o plano para o estado do Mato Grosso fazer com que mais produtores saiam do desmatamento ilegal e sejam estimulados a adotar mais práticas sustentáveis?
No ano passado, durante a COP 21, em Paris, o governo do estado de Mato Grosso estabeleceu a meta de desmatamento ilegal zero até 2020. É um desafio gigante, mas que encontra respaldo na consciência dos nossos produtores. Mato Grosso tem o maior número de cadastros no Cadastro Ambiental Rural (CAR); 85% das nossas propriedades já estão cadastradas. É um exemplo de que o produtor busca cumprir a legalidade e que aceitou o Código Florestal como marco regulatório. O desafio agora é o Programa de Regularização Ambiental (PRA). Temos que atuar em duas frentes: garantir que a recuperação de passivos dos produtores seja sustentável e eficiente, e mostrar para os produtores os ativos que ele tem, para que isso possa virar uma fonte de renda para a sua propriedade. Mas os números de 2016 já mostram redução de 19% do desmatamento no estado. Os produtores estão criando consciência e esse conjunto de ações certamente vai colocar o Mato Grosso e o Brasil em destaque no cenário de sustentabilidade mundial.
Muitos produtores ainda reclamam da dificuldade de acessar financiamentos. Como o governo planeja ajudar esses pequenos produtores que precisam de recursos para encampar uma agenda mais sustentável?
No estado de Mato Grosso nós criamos o programa PCI, para produzir cada vez mais, ser um gigante na conservação – 60% do nosso território está intacto e assim deve permanecer – e garantir a inclusão. Nós temos hoje 130.000 famílias em pequenas propriedades, abaixo da linha média da agricultura, ganhando muito pouco ou não tendo remuneração. Como nós vamos trazer essas pessoas para o que estamos chamando de nova classe média rural? Elas precisam de muito incentivo do estado, não só financeiro, mas com informação, tecnologia, assistência técnica, programas de crédito. O programa Mais Alimentos, do governo federal, é inacessível se o produtor não tem o título da terra. Então, o estado está fazendo um grande programa de regularização fundiária. Com recursos de programas federais, internacionais e um pouco do estado, é possível levar informação, tecnologia e custeio para formar essa nova classe média rural.
Conflitos ambientais ainda são muito presentes no território. Que tipo de ação o estado está fazendo para que a floresta e as comunidades locais parem de sofrer nas mãos de produtores?
Existem dois modelos. Um é a remuneração do ativo. Junto ao programa de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD) internacional, remunera-se aquele que mantém sua floresta plenamente cadastrada, certificada e preservada. Esse é um modelo positivo. O outro é o da repressão, que ainda se faz necessária. Não podemos deixar a grilagem de terra prevalecer em nenhum lugar do Brasil. Para 2017, estamos entregando um centro integrado de operações ambientais na região noroeste do estado, uma região que ainda persiste com o desmatamento. Esse centro tem moldes semelhantes ao do Gfront, para combate ao tráfico de drogas na fronteira. Vamos convidar Ibama, polícia federal, força nacional, forças militares e civis do estado para combater os crimes ambientais de forma extensiva. Não podemos deixar criminosos cuidando do nosso meio ambiente.
Durante a COP 22, foi ressaltada a importância de estimular o empreendedorismo local e valorizar as comunidades indígenas dentro dos programas de REDD. Como está a implementação dessa política no estado?
Estamos com três programas em desenvolvimento junto a organismos do exterior – e tenho certeza que vão remunerar. Mas a gente precisa muito do dinheiro internacional para fazer essa sustentabilidade funcionar. A redução do desmatamento dá credibilidade ao programa, e agora chegou o momento do chamamento. Creio que não vão faltar recursos para que Mato Grosso implemente definitivamente um programa sustentável.
Mais lidas
Mais de Brasil
'Tentativa de qualquer atentado contra Estado de Direito já é crime consumado', diz Gilmar MendesEntenda o que é indiciamento, como o feito contra Bolsonaro e aliadosMoraes decide manter delação de Mauro Cid após depoimento no STFImprensa internacional repercute indiciamento de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe