Famílias atingidas por vazamento em Barcarena recebem água
O governo do Pará havia determinado que a mineradora fornecesse água potável para os moradores das comunidades afetadas pelo vazamento
Agência Brasil
Publicado em 24 de fevereiro de 2018 às 14h30.
As famílias atingidas pelo vazamento de resíduos tóxicos de um depósito da mineradora Hydro Alunorte, no Pará , começaram a receber água potável na noite dessa sexta-feira (23).
O governo do Pará havia determinado que a mineradora fornecesse água potável para os moradores das comunidades afetadas pelo vazamento, que ocorreu em Barcarena, ma região metropolitana de Belém, no último fim de semana.
Segundo a prefeitura de Barcarena, uma ação conjunta do governo municipal com o estadual, a empresa mineradora e o Ministério da Integração Nacional "avançou nas medidas de proteção às vítimas".
Ontem, o prefeito de Barcarena, Antônio Carlos Vilaça, visitou moradores da comunidade Bom Futuro, a mais afetada pelo vazamento de rejeitos. Acompanhado do ministro da Integração, Helder Barbalho, Vilaça percorreu a trilha por onde teria ocorrido a enxurrada do líquido contaminado.
O prefeito determinou plantões médicos especiais nas unidades de saúde do Jardim Cabano e de Vila Nova para atender à demanda da comunidade que se sentir prejudicada pelo acidente.
Segundo a prefeitura, neste sábado (24) equipes da Secretaria de Assistência Social do município vão continuar o levantamento das famílias que foram diretamente atingidas pelo acidente e identificar a real necessidade de cada uma delas.
Laudo
Ontem, o Instituto Evandro Chagas divulgou laudo atestando que resíduos tóxicos vazaram de um depósito da empresa, afetando o meio ambiente e prejudicando moradores das três comunidades. No laudo, o instituto recomendou o fornecimento de água para a população afetada, alegando que o vazamento pode ter comprometido o lençol freático - o que ainda não foi possível averiguar devido ao alagamento do terreno em função das fortes chuvas. Ainda nessa sexta-feira (23), a Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público estadual também recomendou a distribuição de água potável aos moradores afetados.
A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade - que chegou a divulgar nota garantindo que "as inspeções técnicas realizadas em conjunto com outros órgãos [tinham confirmado] que não houve rompimento e nem transbordamento da chamada lama vermelha do depósito da Hydro AluNorte" - notificou a empresa a apresentar informações sobre o índice pluviométrico [quantidade de chuvas] registrado na área onde estão armazenados os resíduos e um laudo analítico do rio próximo.
Em nota em que menciona a "suspeita" do Instituto Evandro Chagas de que a água utilizada para consumo pelos moradores das comunidades afetadas está contaminada, a Hydro AluNorte reafirma que as pesquisas técnicas feitas por diferentes autoridades de vigilância confirmaram que não houve vazamento ou ruptura dos depósitos de resíduos -, contrariando a conclusão do instituto.
A empresa informou que apoiará a população fornecendo água potável para as comunidades de Vila Nova e Bom Futuro. "A Hydro também colabora com as mesmas comunidades a fim de encontrar soluções para o acesso permanente à água potável", informa a empresa, acrescentando que ainda vai analisar o laudo do Instituto Evandro Chagas.
O vazamento dos dejetos tóxicos foi denunciado por moradores de Barcarena, que notaram a alteração na cor da água de igarapés e de um rio.
Em função das denúncias, o Ministério Público do Estado do Pará instaurou dois inquéritos, um pela Promotoria de Justiça de Barcarena, que vai apurar o suposto vazamento de rejeitos na Hydro Alunorte e seus impactos ao meio ambiente; e outro pela promotora Eliane Moreira, da 1ª Região Agrária, que vai apurar os possíveis impactos socioambientais do suposto vazamento, especialmente os que podem ter afetado comunidades rurais e ribeirinhas.