Falta de acordo nas coligações multiplica candidaturas ao Senado em SP
Enquanto o petista e o ex-ministro da Infraestrutura articulam com aliados para que haja apenas um postulante para acompanhá-los na disputa, o tucano já admite que terá de apoiar mais de um candidato
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de julho de 2022 às 14h08.
Última atualização em 19 de julho de 2022 às 14h16.
As campanhas dos três principais pré-candidatos ao governo de São Paulo , Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB), enfrentam dificuldades para alinhar nomes ao Senado.Enquanto o petista e o ex-ministro da Infraestrutura articulam com aliados para que haja apenas um postulante para acompanhá-los na disputa, o tucano já admite que terá de apoiar mais de um candidato. Os três são os mais bem colocados em pesquisas de intenção de voto.
A retirada de duas candidaturas trouxe dificuldades a Haddad e Tarcísio. No caso do ex-prefeito, as negociações para a desistência de Márcio França (PSB) da corrida pelo Palácio dos Bandeirantes para concorrer ao Senado não pacificaram o palanque do PT. Agora, o PSOL reivindica a vaga de vice na chapa e ameaça lançar um nome ao Senado para disputar com o ex-governador.
Tarcísio, por sua vez, tem de lidar, depois da desistência do apresentador José Luiz Datena, com uma disputa pela indicação ao Senado entre o ex-ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e os deputados Marco Feliciano e Carla Zambelli, ambos do PL. Além deles, o ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf (Republicanos) e a deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB) congestionam o bloco bolsonarista.
Na chapa de Garcia, que concorre à reeleição, ocorre um movimento diferente. PSDB e partidos aliados deixaram a escolha do candidato ao Senado em segundo plano enquanto travam uma disputa para emplacar o vice do tucano. Depois de romper e se reconciliar com o governador de São Paulo, o União Brasil reposicionou sua demanda e agora exige a vaga de vice, que inicialmente estava reservada ao MDB.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, em junho, que as coligações podem ter mais de um candidato ao Senado, de partidos diferentes, mas especialistas em pesquisas e líderes avaliam que essa solução pode confundir o eleitor e criar constrangimentos em uma disputa atípica.
Na chapa petista, o acordo firmado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e França resultou em queixas públicas do aliado PSOL. O partido anunciou que vai lançar candidatura própria ao Senado se não puder escolher o vice — ideia que é rechaçada no PT. Nas conversas com França, Lula prometeu que o ex-governador seria o único candidato a senador da coligação.
A movimentação do PSOL estressou as relações entre os partidos da frente de esquerda. Dirigentes das legendas decidiram, por enquanto, cessar as conversas para baixar a fervura, e voltar a negociar só na próxima semana.
Na coligação de Tarcísio, a disputa deve ser decidida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), fiador da candidatura de seu ex-ministro. Até agora, Bolsonaro não deu sinais claros de quem pretende apoiar. Segundo aliados, o presidente vai esperar a publicação de mais pesquisas para escolher seu representante "oficial" na corrida pelo Senado. A ideia é que os demais se acomodem em outras disputas.
A briga pela vaga de vice na chapa tucana ganhou mais relevância do que a indicação ao Senado e começou com a reaproximação do União Brasil com Garcia. "Inicialmente era o Senado, mas esse acordo foi lá atrás, quando o Datena estava no partido", disse o deputado Geninho Zuliani (SP), da Executiva estadual da sigla.
Depois de eleger a maioria dos senadores paulistas desde a redemocratização, sendo dois da atual legislatura, o PSDB, até agora, não tem um candidato natural e admite que pode ter mais de um postulante na coligação.
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Garcia citou os nomes do vereador Milton Leite, do ex-ministro Henrique Meirelles e do médico Cláudio Lottenberg, todos do União Brasil, como potenciais candidatos. Há no PSDB, no entanto, disputa interna pela vaga entre o ex-senador José Aníbal e o presidente do partido na capital, Fernando Alfredo. "A perspectiva é de um acordo. Seria suicídio cada partido sair com um senador", disse Milton Leite ao Estadão. Já Aníbal pensa diferente. "FHC, por exemplo, disputou o Senado contra o Montoro."
Para o cientista político e pesquisador Antonio Lavareda, presidente do conselho científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), a proliferação de candidaturas dificulta a vida do eleitor. "Ter mais de um candidato dentro da coligação dispersa o eleitor", disse.
O cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Mackenzie, chamou atenção para o fato de o PSDB ter menos espaço a cada eleição. "O PSDB está perdendo protagonismo na política nacional e São Paulo é a ponta de lança. Não há um nome natural."
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