Ex-tesoureiro do PT está preso por não ter dinheiro, diz defesa
Em 16 de dezembro, Moro mandou soltar Paulo Ferreira, custodiado preventivamente pela Operação Abismo, mas impôs fiança de R$ 1 milhão
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de janeiro de 2017 às 16h18.
São Paulo - A defesa do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira reclamou à 13.ª Vara Federal de Curitiba que o petista está preso "unicamente por não ter dinheiro" para pagar a fiança de R$ 1 milhão. A 13.ª Vara está sob o comando da juíza federal Gabriela Hardt, que substitui o juiz federal Sérgio Moro, em férias.
Em 16 de dezembro, Moro mandou soltar Paulo Ferreira, custodiado preventivamente pela Operação Abismo - 31.º desdobramento da Lava Jato que investiga propinas em obras do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes) -, mas impôs fiança e outras cinco medidas cautelares, como entrega de passaporte e proibição de deixar o País.
Desde então, os defensores do ex-tesoureiro do PT tentam aliviar o recolhimento de R$ 1 milhão e alegam que ele está desempregado e com dívidas.
Na quinta-feira, 29 de dezembro, os advogados enviaram uma petição à 13.ª Vara Federal afirmando que "apresentada documentação demonstrando situação econômico-financeira do requerente (Paulo Ferreira), este MD.Juízo pediu esclarecimentos quanto alguns pontos levantados, sendo elucidados, protocolizado na data de 22 de dezembro do corrente ano, não havendo mais qualquer decisão referente a este feito desde então".
"Denota-se que esta decisão refletirá diretamente na liberdade do Requerente, que já têm reconhecidos seus direitos objetivos e subjetivos de responder o processo em liberdade, restando apenas em discussão eventuais cautelas e valores. Hoje o acusado permanece preso unicamente por não ter dinheiro. Desta forma, requer o prosseguimento do feito com a análise dos documentos apresentados, podendo enfim, efetivar a liberdade já concedida ao acusado", argumenta a defesa.
Moro mandou soltar Paulo Ferreira dois dias depois de o ex-tesoureiro do PT confessar que seu partido - e as outras agremiações políticas - trabalha com recursos não contabilizados. Ele disse que "negar informalidades nos processos eleitorais brasileiros de todos os partidos é negar o óbvio".
"É um problema da cultura política nacional, dr. Moro", disse o ex-tesoureiro. "Eu não estou aqui pra mentir pra ninguém. Estou aqui pra ajustar alguma dívida que eu tenha, minha disposição aqui é essa."