Ex-secretário de Saúde de Cabral nega obstrução de Justiça
Preso desde 11 de abril, Sérgio Côrtes garantiu ao juiz Marcelo Bretas que não quis atrapalhar a iniciativa de delação premiada de César Romero
Agência Brasil
Publicado em 21 de setembro de 2017 às 19h46.
O ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes, titular da pasta durante o governo de Sergio Cabral , depôs nesta quinta-feira (21) na 7ª Vara Federal Criminal.
Preso desde 11 de abril desse ano, ele negou ter obstruído a Justiça, motivo principal de sua prisão.
De camiseta branca, usada por internos do sistema penal, bastante magro e com a cabeça totalmente raspada, Côrtes garantiu ao juiz Marcelo Bretas que não quis atrapalhar a iniciativa de delação premiada de César Romero, que foi seu subsecretário de Saúde e acabou gravando diálogo comprometedor com ele.
Côrtes disse que foi até o escritório de Romero a convite dele e que o objetivo seria tentar conversar sobre a possibilidade de uma delação conjunta.
"Ele me chamou para uma reunião. Como eu poderia constrangê-lo? Em nenhum momento ofereci nada a ele. Não ofereci qualquer benefício e não fiz qualquer ameaça", sustentou.
O advogado Rafael Kullmann, responsável pela defesa de Côrtes, disse que ficou provado a inocência de seu cliente no episódio.
"A acusação de obstrução de Justiça era baseada numa versão fantasiosa e mentirosa de César Romero. Hoje ficou claro que esse episódio não aconteceu como se relatou. Sem dúvida alguma, nesta acusação de obstrução de Justiça, o resultado não pode ser outro senão a absolvição do Sérgio", declarou o advogado.
Também prestou depoimento ao juiz Marcelo Bretas o empresário Miguel Skin, fornecedor de equipamentos médico-hospitalares ao estado.
Ele foi preso, juntamente com Côrtes, na Operação Fatura Exposta, e continua na cadeia. Iskin negou que tenha articulado para barrar a delação premiada de Romero.
Marcelo Bretas ouviu ainda Sérgio Viana, cunhado de Côrtes e primo de Romero. Assim como os demais, negou que tenha participado de algum tipo de intimidação a Romero quanto a sua delação premiada.
A Operação Fatura exposta investiga o pagamento de propinas a políticos para empresas, incluindo a de Iskin, obterem vantagens na venda de produtos à Secretaria de Saúde do estado.