Brasil

SP acusa governo federal de atrasar entrega de vacinas

Governo de SP criticou Ministério da Saúde por suposta demora na entrega ao PNI. Em meio ao caso, a pasta anunciou antecipação da distribuição para hoje

Chegada de doses da Pfizer em Viracopos: estoque do PNI virou ponto de atrito entre SP e o governo federal (Leandro Fonseca/Exame)

Chegada de doses da Pfizer em Viracopos: estoque do PNI virou ponto de atrito entre SP e o governo federal (Leandro Fonseca/Exame)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 26 de julho de 2021 às 16h23.

Última atualização em 26 de julho de 2021 às 19h12.

O governo de São Paulo afirmou nesta segunda-feira, 26, que o Ministério da Saúde tem doses já entregues de vacinas contra o coronavírus, mas que não têm sido enviadas aos estados. Também hoje, o Ministério anunciou a antecipação das entregas desta semana.

Em mensagem em uma rede social nesta tarde, o governador João Doria (PSDB) afirmou que "o Ministério da Saúde tem 16 milhões de vacinas paradas em estoque". Doria classificou a situação como "falta de urgência" e "vergonhosa".

A EXAME apurou que doses estão paradas desde a semana passada, embora tenham sido entregues ao Brasil no prazo pelos laboratórios.

Ainda nesta segunda-feira, o Ministério da Saúde publicou em seu perfil no Twitter que distribuiria a partir de hoje mais de 10 milhões de doses aos estados. O prazo anterior, segundo fontes ouvidas pela EXAME, era a próxima quarta-feira, 28.

Questionado sobre o caso, o Ministério da Saúde disse que iniciou nesta segunda-feira a entrega dessas 10 milhões de doses. "Sendo 780.840 para o estado do Rio de Janeiro. Na semana passada, entre terça, 20, e quinta-feira, 22, foram enviadas 696,7 mil para o estado do Rio de Janeiro. Cabe ressaltar que os estados são responsáveis pela distribuição das doses aos municípios", diz a nota enviada à EXAME.

Entre as vacinas no estoque federal, há doses de Pfizer, Coronavac e AstraZeneca. Desde terça-feira, 20, um novo carregamento de Pfizer é entregue diariamente, no maior lote da vacina recebido pelo Brasil até aqui. Novo lote de cerca de 1,5 milhão de doses da Coronavac também foi entregue hoje ao governo federal pelo Instituto Butantan.

Ainda segundo a pasta, semanalmente o Ministério da Saúde realiza reuniões entre representantes da União, estados e municípios para a definição da estratégia de vacinação e o quantitativo de doses a serem distribuídas, calculado de acordo com o público-alvo, definido no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.

Em uma nota enviada à reportagem, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo disse que precisa receber 1,425 milhão de doses da vacina da Pfizer das 6 milhões que chegaram ao Brasil entre os dias 20 e 25 de julho.

"Do total proporcional para São Paulo, 950 mil seguem sem perspectiva de entrega pelo governo federal, que está sendo cobrado também por meio de ofício. O quantitativo equivale a 66% do que deveria ser destinado ao estado. O restante, de 475 mil doses, tem a previsão de chegar em São Paulo ainda nesta segunda-feira, 26", diz a informação oficial.

Atrasos na entrega do Plano Nacional de Imunização (PNI) podem comprometer o cronograma de vacinação em uma série de estados e municípios. O Brasil tem 45% da população vacinada com ao menos uma dose e 18% com a vacinação completa.

A vacinação brasileira funciona majoritariamente via PNI, que distribui as vacinas aos estados proporcionalmente ao tamanho da população e grupos prioritários. A maioria dos laboratórios têm negociado diretamente com os governos federais, responsáveis por comprar e distribuir as doses.

A expectativa é que a vacinação brasileira seja acelerada a partir de agora, com a chegada de novas doses no segundo semestre sendo amplamente superior ao primeiro — sobretudo no caso das doses de Pfizer/BioNTech, que devem superar as demais vacinas em agosto.

(Arte/via Flourish/Exame)

Mais cedo, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) também havia questionado nas redes sociais o atraso da entrega de doses pelo governo federal.

A fonte do questionamento do deputado veio da declaração da coordenadora do Programa Estadual de Imunização (PEI) de São Paulo, Regiane de Paula, também nesta segunda-feira. “Sabemos que o Ministério da Saúde tem recebido todos os dias, desde o dia 21, cargas de vacinas da Pfizer”, disse, pedindo que a entrega fosse acelerada.

No fim de semana, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), também havia criticado o fluxo de distribuição do Ministério da Saúde. "O senso de urgência do Ministério da Saúde chega a impressionar", escreveu.

Já nesta segunda-feira, o prefeito voltou atrás e publicou que havia recebido uma ligação do Ministério anunciando a antecipação da entrega de doses de quarta-feira para hoje. Na mensagem, Paes agradeceu o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Segundo o anúncio feito pela Saúde, serão distribuídas a partir de hoje aos estados doses na seguinte quantidade:

  • AstraZeneca/Fiocruz: 3,8 milhões
  • AstraZeneca/Covax Facility: 1,0 milhão
  • Coronavac/Butantan: 3,3 milhões
  • Pfizer/BioNTech: 2,1 milhões

Antecipação em SP

São Paulo, que tem a maior fatia do PNI devido à população de mais de 40 milhões de habitantes, havia anunciado neste mês de julho a antecipação das datas de vacinação dos grupos mais jovens, com menos de 30 anos.

A antecipação se baseia em duas frentes: primeiro, a compra de 4 milhões de doses extras da Coronavac, direcionadas somente a São Paulo, e, em seguida, as previsões de chegada de milhões de novas doses via PNI.

Um dos pontos chaves para o calendário são as futuras doses de Pfizer/BioNTech, sobretudo para a vacinação de adolescentes.

A Pfizer se tornou chave no processo de vacinação paulista depois que o governo do estado afirmou que adolescentes entre 12 e 17 anos anos seriam vacinados a partir de outubro. O grupo representa 3,2 milhões de pessoas no estado.

Como a vacina por ora é a única autorizada neste grupo etário, o governo paulista já havia afirmado no dia do anúncio, em 11 de julho, que conta com as doses da Pfizer prometidas via PNI para a imunização dos adolescentes.

Pelo último cronograma paulista, a vacina contra o coronavírus será oferecida a todos os adultos com mais de 18 anos até 23 de agosto, e depois disso a vacinação dos adolescentes será iniciada.


Calendário estadual de vacinação em SP

  • 37 a 39 anos: 8 a 14 de julho*
  • 35 e 36 anos: 15 a 18 de julho
  • 30 a 34 anos: 19 de julho a 4 de agosto
  • 25 a 29 anos: 5 a 12 de agosto
  • 18 a 24 anos: 13 a 20 de agosto

Vacinação para adolescentes

  • 12 a 17 anos (com deficiência e comorbidades): 23 de agosto a 5 de setembro
  • 15 a 17 anos (sem comorbidades): 6 a 19 de setembro
  • 12 a 14 anos (sem comorbidades): 20 a 30 de setembro

*As datas podem mudar a depender do cronograma de cada município. 

Fique por dentro da vacinação no Brasil e das perspectivas de retomada econômica. Assine a EXAME.

Acompanhe tudo sobre:João Doria JúniorMinistério da SaúdePfizervacina contra coronavírus

Mais de Brasil

SP ainda tem 36 mil casas sem energia neste domingo

Ponte que liga os estados de Tocantins e Maranhão desaba; veja vídeo

Como chegar em Gramado? Veja rotas alternativas após queda de avião

Vai viajar para São Paulo? Ao menos 18 praias estão impróprias para banho; veja lista