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Desfile de blindados com Bolsonaro custou R$ 3,7 mi aos cofres públicos

Treinamento militar ocorreu no início de agosto na mesma data em que a Câmara rejeitou a PEC do voto impresso

Desfile militar passou em frente ao Palácio do Planalto e contou com presença de Bolsonaro (Adriano Machado/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de setembro de 2021 às 08h37.

A operação militar que contou com um desfile de blindados em frente ao Palácio do Planalto, com a presença do presidente Jair Bolsonaro , custou cofres aos públicos R$ 3,7 milhões. O valor foi obtido pelo Estadão por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e se refere aos gastos da Marinha com a edição deste ano da Operação Formosa, um treinamento militar realizado anualmente no interior de Goiás.

Pela primeira vez, porém, a operação incluiu um desfile em frente à sede do Executivo. A passagem dos blindados pela Esplanada ocorreu no último dia 10 de agosto, mesma data em que a Câmara rejeitou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso. A exibição dos blindados foi interpretada como uma tentativa do presidente Jair Bolsonaro de intimidar o Poder Legislativo para aprovar o texto.

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O trajeto contou com cerca de 150 veículos militares, que passaram em frente ao Planalto, sob a justificativa de entregar um convite a Bolsonaro e a diversas autoridades da República para que participassem do dia de Demonstração Operativa, em 16 de agosto. O evento é um desfile que faz uma demonstração de equipamentos militares e todo ano percorre um trajeto entre o Rio de Janeiro e a cidade de Formosa, no interior de Goiás.

Dos R$ 3,7 milhões da operação, R$ 1,78 milhão foi para gastos de custeio de bases, R$ 1,03 milhão para locação de ônibus para transporte, R$ 721 mil para combustíveis, lubrificantes e graxas R$ 98,7 mil para materiais de saúde, R$ 16,6 mil para suprimentos de fundos e R$ 15 mil para passagens e diárias.

Em resposta ao pedido de informação da reportagem, a Marinha, que organiza o evento, informou que a Operação Formosa é realizada desde 1988 “com o propósito de assegurar o preparo do Corpo de Fuzileiros Navais como força estratégica, de pronto emprego e de caráter anfíbio e expedicionário, conforme previsto na Estratégia Nacional de Defesa”.

Neste ano, pela primeira vez, o Exército e a Aeronáutica também participaram da operação. De acordo com a Marinha, a participação dos outros comandos militares aconteceu “de modo a incrementar a interoperabilidade das Forças Armadas do País”.

Novas manifestações em 7 de setembro

O presidente convocou novas manifestações para o dia 7 de setembro, feriado da Independência. Bolsonaro – que enfrenta queda contínua nos índices de popularidade– discursará pela manhã na manifestação de Brasília e, à tarde, irá a São Paulo, onde pretende fazer um discurso mais longo na Avenida Paulista, que deve concentrar o maior contingente de apoiadores do presidente.

No mesmo dia, no Vale do Anhangabaú, também na região central da capital paulista, grupos contrários a Bolsonaro também farão uma manifestação.

Os atos marcados para o dia 7 de setembro serão acompanhados com lupa em meio a uma escalada de ataques de Bolsonaro e de seus apoiadores ao Supremo Tribunal Federal e a falas recentes do presidente, por exemplo, a de que poderia atuar fora das quatro linhas da Constituição para conter o que chama de excessos da corte, especialmente dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Além disso, a possibilidade da participação de policiais militares nos atos pró-Bolsonaro também é vista com preocupação. Doria recentemente afastou do comando de um batalhão de policiamento do interior do Estado um coronel da PM paulista que fez convocações em suas redes sociais para os atos a favor de Bolsonaro. Policiais militares são proibidos por lei de participarem ou realizarem manifestações políticas.

 

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