Delator cita R$ 10 milhões para campanha do tucano Taques
Esquema de corrupção da Secretaria de Educação de Mato Grosso teria tido origem na necessidade do pagamento de dívidas de campanha
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de dezembro de 2016 às 11h21.
Brasília - O empresário Giovani Guizardi afirmou em acordo de delação premiada que o esquema de corrupção na Secretaria Estadual de Educação (Seduc) do Mato Grosso , investigado na operação Rêmora, teve origem na necessidade do pagamento de dívidas de campanha do tucano Pedro Taques ao governo, em 2014.
O empresário relatou ter repassado R$ 300 mil para o candidato e ouvido de outro empresário integrante do esquema, Alan Malouf, que outros R$ 10 milhões teriam sido "investidos" na campanha de Taques.
A operação investiga irregularidades em licitações para construção e reforma de escolas realizadas pela pasta de Educação em outubro de 2015. O esquema, segundo o Ministério Público (MP), envolve servidores públicos e empresários.
De acordo com o MP, os funcionários públicos recebiam informações privilegiadas sobre as licitações e organizavam reuniões com empreiteiros para fraudar a livre concorrência do processo licitatório.
Sobre os R$ 10 milhões para Taques, Guizardi afirmou: "No final do ano de 2014, Alan Malouf mencionou que investiu a quantia de R$ 10 milhões na campanha do atual governador Pedro Taques, valor este não declarado, tendo dito também que teria de recuperar esse valor investido junto ao Estado". Malouf é casado com Jamille Guizardi, prima do delator.
Guizardi narra que foi Malouf quem o inseriu no esquema que já existia na pasta. Segundo o delator, em março de 2015, ele procurou Malouf para solicitar que sua empresa, a Dínamo, pudesse "trabalhar" na Seduc.
Por meio de nota, o governador informou que "tomou as medidas que lhe competiam". Taques disse lamentar o envolvimento de seu nome no caso e refutou "qualquer tentativa de envolvê-lo em qualquer ato ilegal".
Ainda na nota, Taques afirmou que sua prestação de contas da campanha de 2014 foi aprovada sem ressalvas. A defesa de Malouf não respondeu aos contatos da reportagem.