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Das câmeras inoperantes à distração do carnaval: os nove erros da fuga inédita de presos em Mossoró

O próprio ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, apontou falhas que permitiram que dois detentos deixassem a penitenciária federal no Rio Grande do Norte

Entre os erros apontados pelo recém-chegado à pasta, estão problemas no sistema de câmeras, já que parte dos equipamentos estava desligada, e no de iluminação, com corredores às escuras
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 08h36.

Última atualização em 16 de fevereiro de 2024 às 08h37.

Em entrevista nesta quinta-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, reconheceu uma série de falhas que facilitaram a fuga de dois detentos no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte — a primeira já registrada em uma unidade do sistema penitenciário sob tutela da União. Entre os erros apontados pelo recém-chegado à pasta, estão problemas no sistema de câmeras, já que parte dos equipamentos estava desligada, e no de iluminação, com corredores às escuras.

Lewandowski citou ainda a presença de um alicate em um canteiro de obras, alcançado pela dupla de presos e usado para romper a grade do alambrado. Até a data da fuga, madrugada da terça-feira de carnaval, foi lembrada pelo ministro, pois teria feito com que os funcionários da cadeia estivessem "mais relaxados, como costuma ocorrer neste momento". O fato é: Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, ambos considerados de alta periculosidade, só escaparam da prisão por conta de uma sucessão de equívocos.

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Veja passo a passo de fuga em presídio federal de Mossoró (RN)

1- CELAS DIFERENTES DAS HABITUAIS

Por volta das 3h30 da manhã, cada um em sua cela, os dois presos fizeram os buracos no teto pelos quais entraram. A PF apura a vulnerabilidade dos espaços, que não seriam aqueles em que eles permaneciam reclusos habitualmente.

2- MOVIMENTAÇÃO LIVRE

Os presos escalaram, retiraram a fiação, saíram pelo teto e chegaram a um terraço onde ocorre o banho de sol. Toda essa movimentação não foi flagrada por nenhum agente penitenciário.

3- FALHAS TÉCNICAS

Já se sabe que parte das câmeras de vigilância não estava operando no momento da fuga. Também havia problemas de iluminação, com algumas luzes internas apagadas.

4- CÂMERAS INÓCUAS

As celas individuais não têm câmeras, mas os corredores e os pátios, sim. Embora parte do equipamento estivesse inoperante, há imagens da dupla deixando o presídio de uniforme. O monitoramento é feito por duas equipes, uma da unidade em Mossoró e outra da sala de controle em Brasília — ainda assim, não foi disparado qualquer alerta.

5- EQUIPAMENTOS À VISTA

O terraço onde ocorre o banho de sol está passando por uma obra de adequação. A principal hipótese é que os presos tenham retirado deste local as ferramentas que utilizaram posteriormente na fuga.

6- PROTEÇÃO ROMPIDA

Com um objeto cortante, os presos conseguiram romper o alambrado do presídio e fugir. Nesta quinta-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, falou em construir "muralhas" no entorno das penitenciárias federais.

7- TEMPO DE REAÇÃO

A ausência dos presos nas celas só foi identificada às 5h de quarta-feira — portanto, quase duas horas depois do início da fuga, o que impediu uma recaptura célere.

8- PERÍMETRO FRÁGIL

Uma das linhas de investigação aponta que os presos teriam seguido para uma residência a aproximadamente sete quilômetros da penitenciária. Ainda não se sabe ao certo como a distância foi percorrida, mas, mais uma vez, nenhuma autoridade incomodou os fugitivos no trajeto.

9- 'MAIS RELAXADOS'

O próprio Lewandowski reconheceu que os servidores da penitenciária estavam "mais relaxados" em função do feriado de carnaval, o que facilitou a fuga.

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