Jovem grita em rolezinho em frente ao Shopping do Leblon, no Rio de Janeiro: mais diversão que política, defende a Economist (Mario Tama/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2014 às 09h54.
São Paulo - “Guerreiros de classe lutam para derrubar a estratificada sociedade brasileira? Juventude descontente com a falta de oportunidades? Moradores negros de favelas cansados do racismo velado?”, é o que questiona reportagem publicada nesta segunda em blog da revista The Economist para tentar entender, afinal, que tipo de movimento são os rolezinhos.
Por enquanto, a resposta pende para a diversão, é o que parece dizer a matéria intitulada “Kids just want to have fun” (“crianças só querem se divertir”, em tradução livre).
Ao menos entre os participantes originais, os encontros agendados por jovens de regiões distantes do centro de São Paulo ainda não priorizam uma agenda política.
“Para sair, se divertir, conhecer pessoas – especialmente garotas”, afirmou à revista Rodrigo Alexandre, um jovem de 17 anos que tentou marcar um rolezinho no shopping Center Norte no último sábado, mas que foi interceptado pela polícia antes de entrar no estabelecimento.
A matéria lembra que os encontros causam apreensão nas autoridades principalmente diante das lembranças dos protestos de junho.
“A memória das demonstrações em São Paulo contra o aumento das tarifas de ônibus, que se transformaram nos maiores protestos nacionais em 20 anos, permanece viva”, diz um trecho.
É ressaltado que black blocs e outros grupos estão marcando rolezinhos, mas que a a passagem da diversão para protestos vai depender da reação da polícia, considerada exagerada no caso de Rodrigo Alexandre, no fim de semana. O garoto disse à revista que havia sido discrimininado.
“’Ele não chegou ao Center Norte com uma agenda política. Mas pode tê-lo deixado com uma’”, finaliza a Economist.
Futuro
Enquanto continuam a repercutir no exterior – no domingo, foi tema de reportagem no The New York Times – os rolezinhos vivem um momento de incerteza no Brasil.
Os encontros que foram marcados por movimentos sociais e outros diversos grupos no último fim de semana não conseguiram tanta adesão quanto o esperado pelos organizadores, seja em São Paulo, no Rio ou em Porto Alegre.
Em vários dos encontros, havia mais jornalistas que participantes.