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Criador do "Dilma Bolada" ganhou R$200 mil para reativar perfil

Segundo a delatora, Dilma ficou furiosa quando a página saiu do ar e pediu que o problema fosse resolvido por meio de pagamento ao criador da página

Presidenta Dilma Rousseff durante encontro com Jeferson Monteiro criador do Dilma Bolada (Roberto Stuckert Filho/PR/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de maio de 2017 às 21h24.

Brasília - A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ficou "furiosa" com a retirada do ar da página Dilma Bolada durante a campanha eleitoral de 2014, disse a empresária Mônica Moura ao Ministério Público Federal (MPF).

Segundo a delatora, a petista pediu que o problema fosse resolvido por meio de pagamento ao publicitário Jeferson Monteiro, responsável pelo perfil.

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Jeferson teria recebido R$ 200 mil para retomar a atividade de Dilma Bolada nas redes sociais.

Em julho de 2014, Monteiro desativou o perfil, que contava com cerca de 1,5 milhão de seguidores na época. As postagens foram retomadas depois de seis dias.

De acordo com anexo da delação de Mônica Moura, Dilma ficou "furiosa" com a retirada da página Dilma Bolada no ar e exigiu que o problema fosse "imediatamente" resolvido pela Pólis Propaganda e Marketing, empresa de Mônica e de seu marido, o marqueteiro João Santana.

A delatora contou ao Ministério Público Federal que ligou para Jeferson Monteiro e acertou que o problema seria resolvido.

"Mônica Moura utilizou parte dos pagamentos que recebia por fora em espécie (propina) e realizou o pagamento de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) ao publicitário em espécie, que reativou a página no dia 29 de julho do mesmo ano", diz o anexo da delação de Mônica.

A delatora disse ao MPF que depois comentou com o tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva, que estava fazendo isso como um ato de boa vontade pois o contrato da Pólis "não previa esse tipo de responsabilidade".

Favores

Um outro fato narrado por Mônica Moura no mesmo anexo trata de um suposto pedido de Dilma Rousseff para que o casal de marqueteiros também arcasse com os custos de seu cabeleireiro e de sua camareira, mesmo após o encerramento da campanha.

Mônica Moura teria pago "diversas vezes" o cabeleireiro Celso Kamura, que atendeu a petista durante os anos de 2010 e 2014. Na maioria das vezes, o pagamento teria sido feito em dinheiro vivo entregue no escritório do cabeleireiro em São Paulo, "utilizando os valores recebidos por fora".

De acordo com a delatora, cada diária de Kamura - incluindo o deslocamento ao Palácio da Alvorada e os serviços de cabelo e maquiagem à então presidente - girava em torno de R$ 1,5 mil. O valor total desembolsado ao cabeleireiro teria chegado a R$ 50 mil.

Mônica Moura entregou ao MPF uma série de passagens aéreas emitidas em nome de Kamura.

"Trabalhei para a produtora dela, sim, nas campanhas, era remunerado. Quem pagava, sinceramente eu não sei, porque não era eu quem recebia. Qual o problema?", questionou o cabeleireiro ao Estado. "Eu nunca recebi, eu mesmo nunca peguei esse dinheiro", disse Kamura.

Procurado pela reportagem, Jeferson Monteiro informou que não falaria com o jornal. Em seu perfil pessoal no Facebook, o publicitário ironizou as acusações.

"Alguém, por gentileza, me avisa onde que tenho que retirar a quantia porque estou com o aluguel atrasado e o telefone cortado. Obrigado!", escreveu Monteiro.

Em nota enviada à imprensa, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que João Santana e Mônica Moura "prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade em seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças dos investigadores".

"Apesar de tudo, a presidente eleita acredita na Justiça e sabe que a verdade virá à tona e será restabelecida", conclui a nota de Dilma.

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