Covas antecipa feriados e muda rodízio de veículos para conter covid em SP
Com antecipação, semana da sexta-feira santa será um grande feriadão; na contramão de especialistas, prefeito descarta lockdown por não ter efetivo para fiscalização
Fabiane Stefano
Publicado em 18 de março de 2021 às 12h03.
Última atualização em 18 de março de 2021 às 17h53.
Após atingir 88% de ocupação de leitos de UTI para covid-19 e registrar o primeiro óbito na fila de espera de leitos, a gestão Bruno Covas decidiu antecipar todos os feriados programados até julho para tentar evitar o colapso generalizado do sistema de saúde da capital paulista.
A antecipação coloca como feriados os dias 26, 29, 30 e 31 de março e 1º de abril. O dia 2 de abril já era feriado nacional, Paixão de Cristo. Com isso, a semana do megaferiado vai de 26 de março, uma sexta, até a páscoa, 4 de abril, um domingo.
Com a antecipação feita por Covas, deixam de ser feriados as seguintes datas: 9 de julho (2021), 20 de novembro (2021), 25 de janeiro (2022), 9 de julho (2022) e 20 de novembro (2022).
Durante as próximas duas semanas, a partir do dia 22, o rodízio de veículos na capital paulista terá seu horário alterado, passando a valer entre as 20h e 5h da manhã. De acordo com o número final da placa e o dia da semana, os carros que estiverem circulando nesses horários serão multados em R$130,16, além de 4 pontos na carteira do condutor.
"Já estamos também em conversa com o governador João Dória sobre a possibilidade de adiantar também os feriados estaduais", explicou o prefeito, que anunciou também o estabelecimento de dois "hospitais de catástrofe" na capital, em Itaquera e Jabaquara, com 640 novos leitos para pacientes com covid-19 na cidade.
Na manhã desta quinta (18), Covas assumiu em entrevista à GloboNews o colapso do sistema de saúde e afirmou que, caso o número de casos siga aumentando, haverá também mais casos de pessoas que vêm à óbito por falta de assistência médica.
Um lockdown, entretanto, foi descartado pelo prefeito, sob a justificativa de que o efetivo da Guarda Civil Metropolitana, de cerca de mil profissionais, não é suficiente para fiscalizar a medida em toda a cidade. Especialistas, por outro lado, defendem que um fechamento total da cidade é a única alternativa ao colapso.
Nesta quarta-feira (17), o estado de São Paulo atingiu uma média móvel de 421 mortes pelo coronavírus, a maior desde o início da pandemia. Já são quase 11 mil pacientes em Unidades de Terapia Intentiva em todo o estado e, mesmo assim, 90 pessoas em 25 municípios já morreram enquanto aguardavam por um leito avançado.
Entenda como será a antecipação dos feriados em SP contra avanço da covid
- 26 de março - sexta-feira - feriado antecipado
- 27 de março - sábado
- 28 de março - domingo
- 29 de março - segunda-feira - feriado antecipado
- 30 de março - terça-feira - feriado antecipado
- 31 de março - quarta-feira - feriado antecipado
- 1º de abril - quinta-feira - feriado antecipado
- 2 de abril - sexta-feira - Paixão de Cristo
- 3 de abril - sábado
- 4 de abril - domingo - Páscoa
A prefeitura de São Paulo antecipou quais feriados?
A Prefeitura vai antecipar os feriados de Corpus Christi de 2021 e 2022, da Consciência Negra de 2021 e 2022, além do aniversário da cidade de 2022 para os dias 26, 29, 30 e 31 de março e 1° de abril de 2021.
Vale lembrar que no dia 2 de abril é feriado da Paixão de Cristo e no dia 2, a Páscoa.
Por que a Prefeitura vai antecipar os feriados?
O objetivo é reduzir a circulação de pessoas em um cenário de explosão de casos de covid-19 no País e, especialmente, em São Paulo. Com a medida, setores considerados essenciais, como indústria, que podem funcionar durante a fase emergencial no Estado, devem parar.
No ano passado, Covas também antecipou os feriados de Corpus Christi e o da Consciência Negra para ajudar a manter o isolamento social.
As empresas são obrigadas a dar o feriado antecipado para os empregados?
Com fundamento no estado de calamidade pública e vendo o isolamento social como única saída possível e imediata para tentar conter o avanço da pandemia, entende-se que o poder discricionário da empresa não poderia se sobrepor a fundamentos tão relevantes e urgentes. "Contudo, deve-se ter em mente que não é proibido trabalhar em feriado. Assim, cada empresa deverá definir se é mais conveniente a ela parar agora ou compensar os empregados mais à frente. Mas o empregador que exigir trabalho nessas datas deverá pagar em dobro a remuneração deste dia, caso não exista a possibilidade de compensação em outra data", diz Karolen Gualda Beber, coordenadora trabalhista do escritório Natal & Manssur Advogados.
Quais são os direitos previstos para os funcionários que trabalharem?
No feriado, se a pessoa está trabalhando, recebe em dobro, caso não exista a possibilidade de compensação em outro dia da semana. Ou seja, como houve apenas uma antecipação dos feriados que aconteceriam mais tarde, aplica-se a regra do salário do dia dobrado para os empregados que precisarem trabalhar, mesmo em esquema de home office.
"Para aquele empregado que trabalhar no feriado, será devida a remuneração extraordinária (horas extras), salvo se houver implementado na empresa o banco de horas, situação em que esses feriados trabalhados poderão ser compensados futuramente", afirma Karolen.
Nas datas originais dos feriados, o empregado deverá trabalhar normalmente, sem receber a mais, já que já teve esses direitos agora.
(Com informações do Estadão Conteúdo).