O saldo da corrupção no RJ: R$ 6,1 bi desviados e 4 governadores presos
De Anthony Garotinho a Cabral, o Rio já perdeu em corrupção mais do que o suficiente para universalizar o saneamento em favelas de Jacarepaguá
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2020 às 08h49.
Última atualização em 24 de setembro de 2020 às 11h03.
A corrupção noRio de Janeiro já custou aos cofres públicos do estado mais de 6,1 bilhões de reais desde 1999, segundo levantamento feito pelo jornal O Globo. Os desvios também levaram quatro governadores do Rio para a prisão, além de investigar deputados e até conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), justamente os que deveriam zelar pela aplicação dos recursos.
Ao longo dessas duas décadas, os desvios de verba pública ocorreram por meio de superfaturamentos, pagamentos irregulares e lavagem de dinheiro envolvendo autoridades. A estimativa não inclui desvios de prefeituras e da União no Rio.
Com os 6,1 bilhões de reais desviados, seria possível executar uma série de obras que ficaram pelo caminho no estado. Uma delas seria um projeto para universalizar o saneamento básico em todas as favelas da Baixada de Jacarepaguá na Cedae, companhia de saneamento do estado, ao custo de 2 bilhões de reais.
Seria possível também terminar a estação Gávea do metrô da linha 4, por 1 bilhão de reais, e ainda sobraria para outras intervenções.
De Garotinho a Cabral
O levantamento do jornal começou a partir de 1999, quando Anthony Garotinho governava o Rio e Rodrigo Silveirinha era subsecretário-adjunto de Administração Tributária. Em 2003, estourou o escândalo do propinoduto, envolvendo Silveirinha, três funcionários do governo e quatro auditores da Receita Federal, acusados de lavagem de dinheiro e remessa ilegal de mais de US$ 30 milhões (R$ 150 milhões) para a Suíça.
Em 2005, durante o governo de Rosinha Garotinho, R$ 234 milhões teriam sido desviados da Saúde. Ela foi condenada em 2019 pela fraude, assim como o ex-governador Anthony Garotinho, que era secretário de Governo à época.
O ex-governador Sergio Cabral está atrás das grades desde 2016, e recebeu condenações que já somam 284 anos de prisão por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações. Seu sucessor, Luiz Fernando Pezão foi preso no fim de 2018, acusado de integrar a organização criminosa. Ele foi solto pelo STJ em dezembro do ano passado.
O Rio tem agora outro governador investigado por corrupção, Wilson Witzel (PSC). A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou nesta quarta-feira, 23 relatório favorável ao impeachment do governador. A última etapa é um julgamento de tribunal misto, com cinco deputados e cinco desembargadores do Tribunal de Justiça do RJ.
Witzel já estava afastado, vale lembrar, por decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que o afastou com argumento de que o governador poderia obstruir as investigações em curso. Eleito em 2018, Witzel está sendo investigado, entre outros esquemas, por desvio de recursos em meio à pandemia do novo coronavírus.
(Com Agência O Globo)