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Como Álvaro Dias, Alckmin, Amoêdo e Eymael se formaram para a Presidência

Veja como eles se prepararam para ser presidente e o que eles acham da formação acadêmica dos políticos brasileiros

Leitura para líderes (Getty Images/Getty Images)

João Pedro Caleiro

Publicado em 1 de setembro de 2018 às 08h00.

Última atualização em 1 de setembro de 2018 às 08h00.

São Paulo - Se você se preocupa com a própria formação, por que não se preocuparia com a dos políticos que elege?

Pensando nisso, EXAME enviou para os candidatos à Presidência uma série de perguntas sobre como eles se preparam para o cargo mais alto da República e o que eles pensam sobre a formação dos nossos políticos.

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Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PSL), Guilherme Boulos (PSOL), Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede) não responderam em tempo hábil; suas respostas serão incluídas caso recebidas posteriormente. Cabo Daciolo (Patriota) informou que decidiu só participar dos debates.

Veja as respostas de quatro candidatos:

Como o candidato preparou-se para assumir a Presidência caso seja eleito em 2018?

Álvaro Dias: "Venho me preparando para assumir a Presidência da República desde que ingressei na política brasileira, há mais de 40 ano. Fui vereador, deputado estadual, deputado federal, governador do Paraná (1987-1991) e senador da República. Conheci o monstro em suas entranhas e sinto-me no dever de combatê-lo."

Amoêdo: "Me preparei de várias formas. A primeira foi o preparo acadêmico: cursei duas faculdades simultaneamente, de engenharia e de administração. A segunda etapa foi na minha vida profissional: comecei como estagiário e com muito trabalho, dedicação e responsabilidade alcancei cargos de direção. Além disso, também empreendi no mundo privado, liderando equipes sempre com princípios, valores e visão de longo prazo. A terceira etapa teve início em 2008 com a análise do mundo político, a decisão da montagem de um partido e, finalmente, o registro do Partido Novo. O único partido formado nos últimos 30 anos que não está ligado a nenhuma agremiação religiosa, sindicato ou dissidência política. Na quarta etapa, ainda em andamento, estou me dedicando a viajar pelo Brasil, entender os problemas existentes, conversar com as pessoas, avaliar boas práticas de outros lugares do mundo e detalhar o meu plano de governo."

Alckmin: "Minha vida pública tem sido um longo aprendizado. Fui vereador, prefeito de minha cidade natal, Pindamonhangaba (função que dividia com minha atividade de médico), deputado estadual, deputado federal constituinte (e relator do Código de Defesa do Consumidor), vice-governador e quatro vezes governador de São Paulo, duas delas eleito em primeiro turno. São 40 anos de vida pública."

Eymael: "Fiz curso superintensivo de Brasil. Fui deputado constituinte. visão muito ajustada de brasil. Sei o que quer fazer e vou fazer caso seja eleito. Valeu a pena ter vivido para ser constituinte."

O candidato possui cursos ligados à gestão pública no currículo? Em caso positivo, quais?

Álvaro Dias: "Sim. Recebi o diploma de Doutor Honoris Causa em Administração Governamental (Doctor of Government Administration) pela Southern States University, em San Diego, na Califórnia, Estados Unidos, em julho de 2007."

Amoêdo: "Não."

Alckmin: "Para complementar a experiência que adquiri com anos de trabalho na vida pública, fui aluno visitante no Weatherhead Center, na Universidade Harvard, em 2007. Aproveitei o período para cursar disciplinas ligadas a saúde, segurança e projetos urbanos. Mas minha grande “pós-graduação” foi trabalhar ao lado do governador Mário Covas para tirar o Estado de São Paulo da crise fiscal em que ele se encontrava quando ele assumiu. Essa experiência me mostrou que responsabilidade fiscal é o caminho para ajudar as pessoas - porque o gasto irresponsável mais cedo ou mais tarde se transforma em crise, como vemos agora."

Eymael: "Minha formação é o Direito. Com especialidade em Direito Tributário. Cursos mais especificos eu não tenho. Valeu a pena ter vivido para ser constituinte. Todos os grandes temas de Brasil foram discutidos por lá. Coloquei na Constituição coisas que beneficiam os brasileiros até hoje como o ICMS eletivo, que pode constar ou não para alguns produtos. Ou seja, fui responsável por baixar impostos para determinados produtos como alimentos. Coloquei comida na mesa do trabalhador. Ou nos remédios genéricos. Sou também autor de leis para estados e municípios para fomentar o turismo, uma das indústrias maiores geradoras de emprego e renda ultimamente."

Quais ensinamentos recebidos em sua formação acadêmica o candidato julga úteis num eventual mandato à frente da República? Por quê?

Álvaro Dias: "História da humanidade e conhecimentos gerais, que são ensinamentos fundamentais na formação de qualquer ser humano."

Amoêdo: "A faculdade de engenharia me ensinou a ter uma visão técnica e estratégica e a desenvolver o raciocínio lógico para resolver problemas. Já a faculdade de administração me ensinou a cuidar das organizações, instituições e liderar pessoas."

Alckmin: "O trabalho de um médico, assim como o de um político é servir as pessoas. Aprendi na Medicina que, quando em dúvida sobre o que fazer, a primeira opção a ser descartada é se omitir. Esse princípio sempre meu guiou no governo. Governar é escolher: em São Paulo cortamos gastos, reduzimos o tamanho da máquina, e conseguimos ter superávit mesmo no mais agudo período da crise. Isso nos permitiu manter os investimentos que geram emprego e renda. Política, como Medicina, é um papel que se exerce com o coração e a cabeça. Em minhas viagens pelo país tenho ouvido a população e visto de perto o quanto ainda há por fazer. Isso só aumenta minha vontade de ser presidente."

Eymael: "Acho que todo político teria que ter foco na questão de gestão. O problema não é a falta de recurso, mas sim a falta de gestão. Em saúde, educação, segurança… Acho que todo político teria que ter um esforço para ter cultura geral antes de administrar um estado, um município.  E temos que ter realmente efetiva separação de poderes. Claro, que sejam todos harmônicos entre si, Executivo, Legislativo e Judiciário. Temos hoje Judiciário tomando decisões que seriam do legislativo."

Qual a opinião do candidato sobre a formação acadêmica dos políticos brasileiros, em especial aqueles com cargos eletivos?

Álvaro Dias: "É essencial que o candidato tenha preparo acadêmico, cuja ausência se faz irreparável para a atividade política."

Amoêdo: "A formação acadêmica é importante. Entretanto, o fundamental é ter princípios e valores, capacidade de liderança e de realização, preparo técnico e espírito empreendedor."

Alckmin: "O bom exercício da política independe de formação acadêmica, embora ela possa ajudar. Boa política é governar em prol do bem comum. O Brasil tem excelentes quadros em todos os partidos. Melhorar a qualidade da política nacional passa, sobretudo, pela reforma de nosso sistema político falido."

Eymael: "Para nós é fundamental para todos nós uma grande reforma administrativa neste país. Acabar com todos esses cargos comissionados. São quase 500 000 cargos comissionados na área federal. Ministros...quem tem que indicar é o presidente. Essa política de coalizão levou o país a situação que tem hoje. Nossa proposta é redução drástica de ministérios. Presidente tem que ter um time, uns 15 ministros com quem ele converse todo dia."

Quais são as maiores deficiências na formação dos políticos brasileiros?

Álvaro Dias: "Sem sombra de dúvida, a maior deficiência revelada pela Operação Lava Jato é a ausência de uma formação ética, como valor essencial, em muitos políticos."

Amoêdo: " A maior deficiência é o fato de não conseguirem pensar no país e nos brasileiros. A maior parte dos políticos vê a política apenas como uma forma de perpetuação no poder. Os políticos são servidores públicos. Uma vez na política, eu serei presidente do Brasil para servir aos cidadãos brasileiros."

Alckmin: "Falta de espírito público. O corporativismo é um dos maiores problemas da nossa política. Não é incorreto defender o ponto de vista ou os interesses de um grupo. O problema começa quando o político começa a defender os privilégios da corporação à qual está ligado, e não o interesse comum."

Eymael: "Os ministros têm que ser especialistas de sua área, e não apenas políticos. Com quase 30 ministros não tem como fazer. Partido indicar ministro? No meu governo, não. Caberá ao presidente aceitar ou não a indicação de um partido. Tem que ter uma ruptura agora para construir um novo Brasil a partir de agora."

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