Enem 2020: vídeo orienta estudantes a estudarem pela internet; nas redes sociais, educadores apontam que o MEC não leva em conta as desigualdades sociais dos alunos (MEC/Reprodução)
Clara Cerioni
Publicado em 5 de maio de 2020 às 10h48.
Última atualização em 5 de maio de 2020 às 10h52.
Apesar da pandemia do novo coronavírus, o Ministério da Educação (MEC) reafirmou nesta segunda-feira, 4, que vai manter as datas de inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem 2020.
Os alunos que forem prestar a prova, marcada para novembro, devem realizar a inscrição entre os dias 11 e 22 de maio, pelo site oficial do Enem.
Desde o início da pandemia, o ministro da pasta, Abraham Weintraub, vem se recusando a mudar os prazos do principal exame para inserção em universidades do país. Em publicações recentes, ele diz que "O Brasil não pode parar".
Uma decisão da Justiça Federal de São Paulo já impôs adiamento do Enem, mas o MEC está recorrendo. Entidades como o Conselho Nacional dos Secretários de Educação e o Conselho Nacional de Educação já se manifestaram a favor da remarcação da prova.
Nesta segunda-feira, 4, no entanto, a pasta divulgou uma peça publicitária reforçando que vai manter os prazos de inscrição. O lema da propaganda é que "O Brasil não pode parar", seguido de que "a vida precisa continuar".
Nela, quatro estudantes secundaristas, gravando com os próprios celulares, incentivam o estudo à distância e pela internet. "Estude, de qualquer lugar, de diferentes formas. Por livros, internet, com a ajuda à distância dos professores", diz uma das alunas.
No Twitter, o vídeo recebeu diversos comentários críticos, por recomendar uma forma de estudo inacessível para alunos de baixa renda ou que vivem em situação de vulnerabilidade.
Uma das professoras de história com mais visibilidade do Youtube, a educadora Débora Aladim, publicou um vídeo na noite de ontem afirmando que o "MEC está tentando fingir normalidade" em uma situação de emergência de saúde pública.
Já a União Nacional dos Estudantes divulgou uma nota sustentando que "sem aulas presenciais aumentam as desigualdades, porque muitos estudantes não têm internet e às vezes nem livros para estudar em casa".