Cinco acusados são presos no caso Dandara no Ceará
Dandara era travesti e foi morta após ser espancada no dia 15 de fevereiro
Agência Brasil
Publicado em 24 de março de 2017 às 17h10.
A 1ª Vara do Júri recebeu a denúncia do Ministério Público do Ceará contra sete acusados da morte de Dandara dos Santos, ocorrido em fevereiro em Fortaleza, e determinou a prisão preventiva de todos.
Cinco já estão presos e dois seguem foragidos.
Dandara foi morta no dia 15 de fevereiro, mas o homicídio ganhou repercussão em março quando um vídeo de celular com imagens dela sendo espancada começou a circular na internet.
Dandara era travesti e morava no Conjunto Ceará, bairro próximo ao Bom Jardim.
O promotor responsável pelo caso, Marcus Renan Palácio, detalhou hoje (24) o teor da denúncia.
O inquérito do crime entregue ao Ministério Público indica a participação de 12 pessoas, sendo oito adultos e quatro adolescentes, já apreendidos.
Um dos adultos é tido como um líder do tráfico de drogas da região do Bom Jardim, bairro da periferia da capital onde ocorreu o crime.
Segundo as investigações da Polícia Civil, o crime teria sido motivado por pequenos furtos que Dandara supostamente cometia na região.
"Há um pacto entre os traficantes de drogas de que ninguém pratique crimes contra o patrimônio no território que eles comandam. Especificamente, não foi um crime de homofobia, embora na conduta de cada um deles haja um sentimento íntimo homofóbico", explicou Palácio
No vídeo, usado inclusive para identificar os participantes do assassinato, Dandara é mostrada sendo brutalmente espancada e xingada.
Depois, ela é colocada em um carrinho de mão e levada para outro local, que o vídeo não registra.
O laudo da Perícia Forense do Ceará determinou a causa da morte como traumatismo craniano, causado por dois disparos contra o rosto e pelo arremesso de uma pedra contra o crânio dela.
O promotor determinou na denúncia que o crime é quadruplamente qualificado: por motivos fútil e torpe, por tortura e crueldade e por utilizar recursos que dificultaram a defesa da vítima.
O Ministério Público também analisa o tempo decorrente entre as chamadas feitas para o 190 e o atendimento da ocorrência pela Polícia.
De acordo com Palácio, passaram-se 35 minutos entre o início do espancamento e os disparos que mataram Dandara.
Para tanto, foi solicitada à Secretaria da Segurança Pública de Defesa Social (SSPDS) os registros que tratam do crime e da ida de uma viatura policial ao local.