CBG fala em "providências urgentes" contra abusos sexuais na ginástica
Relatos apontam para comportamento padrão do treinador acusado por pelo menos 42 ginastas ou ex-ginastas de ter cometido abusos sexuais
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de abril de 2018 às 22h36.
Última atualização em 8 de maio de 2018 às 08h13.
São Paulo - A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) manifestou-se através de uma nota oficial sobre as denúncias veiculadas no programa Fantástico, da TV Globo, contra o ex-treinador da seleção masculina, Fernando de Carvalho Lopes, acusado por pelo menos 42 ginastas ou ex-ginastas de ter cometido abusos sexuais enquanto trabalhava como técnico do Mesc (Movimento de Expansão Social Católica), de São Bernardo do Campo (SP).
Nesta segunda-feira, o clube anunciou o afastamento de Fernando de suas funções e Luís Ricardo Davanzo, advogado do acusado, reforçou que seu cliente afirma ser inocente.
De acordo com a reportagem do Fantástico, mais de 80 pessoas foram ouvidas. Destas, 42 alegaram ter sido vítimas de algum tipo de abuso físico, moral ou sexual por Fernando, que fez carreira no Mesc e integrou, durante dois anos, a comissão técnica da seleção.
Os relatos apontam para um comportamento padrão do treinador: ele se aproveitava das instruções durante a execução dos exercícios para apalpar nádegas e genitais dos atletas. Também os abordava enquanto tomavam banho no vestiário ou estavam na sauna.
Em nota enviada à imprensa, a CBG afirma que trabalha em parceria com o Ministério do Trabalho e promete tomar providências urgentes para apurar casos de abusos sexuais na modalidade.
"A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), por meio desta, informa que adotará providências urgentes, em consonância com orientações do Ministério Público do Trabalho, órgão que tem cooperação nessa área, no sentido de avaliar o melhor procedimento que o caso requer", disse trecho do comunicado.
A entidade ainda informa que "fará a oitiva do treinador Marcos Goto sobre a acusação de comportamento inadequado". Goto é o treinador de Arthur Zanetti, um dos maiores ginastas brasileiros de toda a história (ele foi ouro em Londres-2012 e prata no Rio-2016). Segundo a denúncia do Fantástico, ele sabia dos abusos do colega, mas não denunciou o fato às autoridades.
No final do comunicado, a confederação afirma que "nenhum caso de Assédio ou Abuso ficará sem rigorosa apuração e eventual sanção, conforme a hipótese".