Candidatos falarão sobre aborto e casamento gay em debate
Debate organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil abordará temas polêmicos para os religiosos
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2014 às 17h01.
São Paulo - Oito dos 11 candidatos à presidência da República nas eleições de 5 de outubro participarão nesta terça-feira de um debate organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e no qual apresentarão suas posições sobre temas polêmicos para os religiosos, como o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O presidente da CNBB, o cardeal Raymundo Damasceno, adiantou que o debate será focado em temas sociais e disse que espera que os candidatos se posicionem claramente sobre assuntos polêmicos, pois a população merece conhecer o que pensa cada um deles.
"É um oportunidade para que a população, especialmente a católica, conheça qual é a influência da religião naqueles que querem governar o país", afirmou Damasceno, arcebispo de Aparecida e um dos 300 religiosos que estarão no evento.
O debate será realizado nas dependências do Santuário Nacional de Aparecida, no interior de São Paulo, e será retransmitido por oito emissoras de televisão e 230 de rádio controladas pela Igreja Católica.
A CNBB informou que os oito candidatos que confirmaram sua participação são: Dilma Rousseff, Marina Silva, Aécio Neves, Pastor Everaldo, Eduardo Jorge, Eymael, Levy Fidelix e Luciana Genro.
De acordo com a pesquisa Ibope divulgada na última sexta-feira, Dilma lidera as intenções de voto no primeiro turno com 39%, seguida por Marina Silva com 31%, pelo senador Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com 15%, e pelo pastor evangélico Everaldo Pereira, do Partido Social Cristão (PSC), com 1%.
Em um eventual segundo turno entre Dilma e Marina, as duas estão tecnicamente empatadas, com 43% para a candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o 42% para a atual presidente.
Tanto Marina como Aécio e o Pastor Everaldo se manifestaram claramente contra o aborto, que no Brasil é permitido em casos de estupro, risco para a mãe e anencefalia do feto, mas todos por motivos diferentes.
Dilma afirmou ser contra o aborto, mas no geral tenta evitar o assunto. Entretanto, vários bispos acusam o Partido dos Trabalhadores (PT) de ser favorável a uma flexibilização da lei sobre a interrupção da gravidez.
Marina, que é evangélica e em sua juventude chegou a passar pela Casa Madre Elisa, um pré-noviciado católico, possui posições muito próximas a da CNBB e foi alvo de duras críticas nas últimas semanas por ter retirado do programa de governo do PSB o apoio ao casamento gay.
Outros dois candidatos que participaram do debate se declararam favoráveis ao aborto, à descriminalização da maconha e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo: o médico Eduardo Jorge, candidato do Partido Verde (PV), e Luciana Genro, que concorre pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
Os outros dois participantes são mais conservadores e se declararam defensores das posições da Igreja, Levy Fidélix, do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), e José Maria Eymael, do Partido Social Democrata Cristão (PSDC).
Esta será a segunda vez que a CNBB organizará um debate entre candidatos à presidência, depois das eleições de 2010, quando promoveu um encontro no qual Dilma não compareceu devido à polêmica provocada pela decisão de alguns bispos de boicotar sua candidatura por considerá-la uma defensora do aborto.
No primeiro bloco do debate, os candidatos terão que responder a uma mesma pergunta feita pela CNBB e, no segundo, a perguntas diretas de oito bispos. Já no terceiro, responderão a perguntas de jornalistas de mídias católicas, enquanto o quarto bloco será reservado para o confronto entre si. No quinto, os candidatos farão suas considerações finais.