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Brasil reduziu pobreza mas enfrenta crescimento da violência

Redução de desigualdades no Brasil e na América Latina não levou a redução da violência, segundo o sociólogo e cientista político Emir Sader

Chão sujo de sangue após crime: “o diagnóstico correto seria: menor desigualdade tende a menos violência”, diz sociólogo (Spencer Platt/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2013 às 09h02.

Brasília - A redução de desigualdades no Brasil e na América Latina não levou a redução da violência . “O diagnóstico correto seria: menor desigualdade tende a menos violência”, diz o sociólogo e cientista político Emir Sader. “O maior paradoxo é estarmos em um país que diminuiu a pobreza, mas tem intensificado a violência”, acrescentou. Esse ponto de vista será posto para debate na sexta-feira (13), no Fórum Mundial de Direitos Humanos .

O evento acontecerá em Brasília de 10 a 13 de dezembro. Sader fará parte da mesa Por uma Cultura de Direitos Humanos, junto com a professora argentina Alicia Cabezudo e a presidenta da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania de Cabo Verde, Zelinda Cohen. O debate será sobre o papel da educação em direitos humanos para o desenvolvimento e emancipação do cidadão.

O cientista político, um dos organizadores do Fórum Social Mundial, analisa a América Latina à luz dos modelos políticos que regem os países. Em uma das últimas colunas publicadas em seu blog, ele diz que “para o bloco do governo a questão central do Brasil é a da desigualdade, da pobreza, da miséria” e acrescenta que “mesmo quando a economia brasileira sofre um processo de estagnação, como acontece atualmente, o governo não apenas manteve, como estendeu e aprofundou as políticas sociais, revelando como se revertia a forma tradicional de encarar desenvolvimento econômico e distribuição de renda”.

À Agência Brasil, ele diz que apesar da ênfase na questão social, a violência aumenta. Prova disso é o levantamento feito pelo país em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado nessa quinta-feira (5). Os dados mostram que três em cada dez brasileiros que vivem em cidades com mais de 15 mil habitantes dizem ter sofrido ao longo da vida algum tipo de crime ou ofensa.


Segundo o levantamento, agressões e ameaças são os mais comuns, com 14,3% dos entrevistados tendo sofrido situações do tipo nesse período. Em seguida, aparecem relatos de discriminação (10,7%), furtos de objetos (9,8%) e fraudes (9,2%). “Houve um aumento de interesse por direitos humanos, mas nos círculos pequenos. No conjunto da sociedade isso não chega”.

Para o cientista político, a fraqueza brasileira é a falta de espaço de socialização, principalmente nos setores mais pobres. “O sistema educacional não desempenha esse papel. A escola não é espaço de socialização. O jovem acaba socializando na rua”, onde, segundo ele, tem contato com o consumismo e outros valores que podem levar à prática de violência.

Perguntado sobre as manifestações de junho e julho e a reivindicação de direitos sociais, como saúde e educação, ele diz que, em última instância, as melhorias sociais podem levar à redução da violência. Sader ressaltou que não tem respostas claras sobre o que leva as pessoas a cometerem atos violentos ou como as pessoas assumem a ideia de direito. "É um pouco do que vou levar à debate".

A mesa de debate está agendada para as 10h. No site do Fórum é possível ter acesso a programação e outras informações sobre o evento.

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Brasília - A redução de desigualdades no Brasil e na América Latina não levou a redução da violência . “O diagnóstico correto seria: menor desigualdade tende a menos violência”, diz o sociólogo e cientista político Emir Sader. “O maior paradoxo é estarmos em um país que diminuiu a pobreza, mas tem intensificado a violência”, acrescentou. Esse ponto de vista será posto para debate na sexta-feira (13), no Fórum Mundial de Direitos Humanos .

O evento acontecerá em Brasília de 10 a 13 de dezembro. Sader fará parte da mesa Por uma Cultura de Direitos Humanos, junto com a professora argentina Alicia Cabezudo e a presidenta da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania de Cabo Verde, Zelinda Cohen. O debate será sobre o papel da educação em direitos humanos para o desenvolvimento e emancipação do cidadão.

O cientista político, um dos organizadores do Fórum Social Mundial, analisa a América Latina à luz dos modelos políticos que regem os países. Em uma das últimas colunas publicadas em seu blog, ele diz que “para o bloco do governo a questão central do Brasil é a da desigualdade, da pobreza, da miséria” e acrescenta que “mesmo quando a economia brasileira sofre um processo de estagnação, como acontece atualmente, o governo não apenas manteve, como estendeu e aprofundou as políticas sociais, revelando como se revertia a forma tradicional de encarar desenvolvimento econômico e distribuição de renda”.

À Agência Brasil, ele diz que apesar da ênfase na questão social, a violência aumenta. Prova disso é o levantamento feito pelo país em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado nessa quinta-feira (5). Os dados mostram que três em cada dez brasileiros que vivem em cidades com mais de 15 mil habitantes dizem ter sofrido ao longo da vida algum tipo de crime ou ofensa.


Segundo o levantamento, agressões e ameaças são os mais comuns, com 14,3% dos entrevistados tendo sofrido situações do tipo nesse período. Em seguida, aparecem relatos de discriminação (10,7%), furtos de objetos (9,8%) e fraudes (9,2%). “Houve um aumento de interesse por direitos humanos, mas nos círculos pequenos. No conjunto da sociedade isso não chega”.

Para o cientista político, a fraqueza brasileira é a falta de espaço de socialização, principalmente nos setores mais pobres. “O sistema educacional não desempenha esse papel. A escola não é espaço de socialização. O jovem acaba socializando na rua”, onde, segundo ele, tem contato com o consumismo e outros valores que podem levar à prática de violência.

Perguntado sobre as manifestações de junho e julho e a reivindicação de direitos sociais, como saúde e educação, ele diz que, em última instância, as melhorias sociais podem levar à redução da violência. Sader ressaltou que não tem respostas claras sobre o que leva as pessoas a cometerem atos violentos ou como as pessoas assumem a ideia de direito. "É um pouco do que vou levar à debate".

A mesa de debate está agendada para as 10h. No site do Fórum é possível ter acesso a programação e outras informações sobre o evento.

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