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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 15h21.
Os investidores internacionais continuam percebendo o Brasil como um país com elevada corrupção no setor público. Apesar do discurso oficial de combate a tais práticas, o governo ainda não conseguiu resultados concretos e patina nessa área. A conclusão é do relatório Índice de Percepções de Corrupção 2004, divulgado nesta quarta-feira (20/10) pela Transparência Internacional.
A pesquisa atribui notas de zero (máximo grau de corrupção) a dez (menor grau de corrupção) aos países. Neste ano, o Brasil obteve nota 3,9, repetindo a mesma pontuação de 2003. Há tempos, o país não consegue elevar significativamente sua nota no ranking. Em 2002, ela foi 4; em 2001, 3,9; e em 1999, 4,1. Em 1998, a pontuação ficou em 4. "Isso indica que o país não tem piorado ao longo do tempo na percepção internacional sobre o grau de corrupção vigente, mas, também, assinala que não tem melhorado", afirma comunicado da Transparência Brasil, que representa a Transparência Internacional no país. No início do ano, a organização já havia divulgado outra pesquisa, publicada por EXAME, mostrando que dois terços das empresas brasileiras já haviam sido vítimas de fraudes de seus próprios empregados e de achaques de funcionários públicos
O país também caiu de 53º lugar para 59º de 2003 para 2004, no ranking da transparência internacional. Segundo o relatório, a queda, porém, não indica uma deterioração da situação brasileira em relação ao ano passado. O motivo do rebaixamento foi que, neste ano, a pesquisa contou com um número maior de países participantes. Enquanto em 2003, foram analisados 133 nações, neste ano, o total alcançou 146. "Como o ranking não tem uma quantidade fixa de países, a inclusão de novas nações evidentemente provoca a queda na posição de muitas outras", afirma a Transparência Brasil. Segundo a organização, a principal evidência de que a situação continua a mesma, no Brasil, é que sua pontuação não mudou de um ano para outro.
Situação internacional
O relatório da Transparência Internacional afirma que há 60 países cuja corrupção atinge níveis alarmantes. Estas nações apresentam notas menores que 3. Entre os casos mais preocupantes, estão Bangladesh, Haiti, Nigéria, Chad, Myanmar e Paraguai, cujas notas são inferiores a 2.
A organização estima que a corrupção alcance cerca de 400 bilhões por ano em todo mundo, na área de compras governamentais. Seguindo o princípio de que não há corruptos sem corruptores, a Transparência Internacional também fez um apelo para que as empresas sediadas em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) não se envolvam em casos de corrupção nos países menos desenvolvidos.
"As companhias da OCDE devem cumprir suas obrigações em relação à Convenção Anti-Suborno e parar de pagarem propinas em seus países natais e em outros lugares", afirmou a vice-presidente da Transparência Internacional, Rosa Robledo (leia também reportagem de EXAME sobre as empresas mais transparentes no mundo).