Bolsonaro promete auxílio de R$ 800 para quem conseguir emprego, mas não diz de onde virá o dinheiro
O acréscimo de R$ 200 ao valor pago atualmente não está no plano de governo nem no projeto de Orçamento do ano que vem, que prevê um benefício de R$ 405
Alessandra Azevedo
Publicado em 8 de setembro de 2022 às 17h40.
Em propaganda eleitoral veiculada nesta quinta-feira, 8, o presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu um Auxílio Brasil de R$ 800 para quem conseguir emprego, caso ele seja reeleito. O acréscimo de R$ 200 ao valor pago atualmente não está no plano de governo nem no projeto de Orçamento do ano que vem, enviado pelo Executivo ao Congresso em 31 de agosto.
Mesmo sem previsão orçamentária para cumprir a promessa, a campanha de Bolsonaro afirma que ele aumentará o benefício como forma de incentivar a busca por emprego. “Vai ser R$ 800 mais o salário do trabalho. Quando Bolsonaro dá R$ 200 a mais, ele incentiva o trabalho”, diz a propaganda.
“Isso é o oposto do que o PT fazia, porque, para receber o antigo Bolsa Família, as pessoas não podiam trabalhar”, acrescenta a peça publicitária.
O programa Bolsa Família, criado durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no entanto, permitia que o auxílio continuasse sendo pago por dois anos, caso o beneficiário conseguisse um emprego, desde que a renda familiar não ultrapassasse meio salário mínimo per capita.
Atualmente, o governo paga, em média, R$ 600 de Auxílio Brasil, mas só há recursos para manter esse valor até 31 de dezembro de 2022. No projeto de Orçamento enviado por Bolsonaro ao Congresso, que detalha as despesas da União previstas para 2023, só cabe um benefício mensal de R$ 405.
Para manter o pagamento em R$ 600, como promete o presidente, é preciso abrir um espaço de R$ 52,5 bilhões no Orçamento. Esse é o gasto extra previsto para bancar um acréscimo de R$ 200 no Auxílio Brasil. A campanha de Bolsonaro não divulgou quanto custaria a nova promessa, de ampliar esse valor para R$ 800 para pessoas que conseguirem um emprego.
No projeto de Orçamento, o governo diz que tomará medidas para manter o benefício em R$ 600, mas também não detalha de onde virão os recursos.A atualização do valor exigiria uma mudança no teto de gastos, segundo o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago.