Bolsonaro presta depoimento à PF nesta terça sobre supostas fraudes em cartões de vacinas
Ex-presidente será questionado sobre a inserção de dados falsos no sistema do SUS
Agência de notícias
Publicado em 16 de maio de 2023 às 06h10.
Última atualização em 16 de maio de 2023 às 06h10.
Está previsto para a tarde desta terça-feira, 16, a partir das 14h, o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito da Polícia Federal que investiga supostas fraudes nos registros de vacinação dele, de sua filha e de assessores e familiares. Bolsonaro foi alvo de buscas da PF e teve o celular apreendido no dia 3 de maio, ocasião em que seis pessoas foram presas sob suspeita de integrar o esquema de fraudes.
A PF trabalha com duas hipóteses investigativas com relação ao ex-mandatário: a de que ele tenha sido partícipe do crime de inserção de dados falsos no sistema eletrônico do Ministério da Saúde e a de que ele e os demais suspeitos formaram uma associação criminosa com a finalidade de cometer o delito. Se confirmadas as suspeitas, as penas para esses dois crimes, somadas, podem chegar a 15 anos de prisão.
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Será a terceira oitiva de Bolsonaro desde o início de abril. No dia 5 do mês passado ele foi interrogado pela PF sobre as joias recebidas do governo saudita, e no dia 23, por seu suposto envolvimento com os atos golpistas de 8 de janeiro. Nos dois casos, ele negou ter cometido crimes.
Na noite de ontem, a defesa do ex-presidente concedeu uma entrevista coletiva em Brasília para refutar as suspeitas de irregularidades em pagamentos de despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Esse é outro caso que está na mira da PF e que, assim como o inquérito das supostas fraudes em registros de vacinação, também envolve o ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Os advogados de Bolsonaro evitaram dar detalhes de como será a linha de defesa nesta terça.
Mauro Cid depõe na quinta-feira
Cid é um dos suspeitos presos na operação de 3 de maio. O depoimento dele está previsto para a quinta-feira. Aliados de Bolsonaro têm dito que o ex-ajudante de ordens deverá assumir a culpa pelas fraudes nos cartões de vacinação. A PF sustenta na investigação, contudo, que os indícios colhidos apontam para a participação de Bolsonaro no crime, pois ele teria conhecimento da inserção dos dados falsos e seria um beneficiário dela.
Outro depoimento previsto para hoje é o do coronel Marcelo Costa Câmara, que continuou como assessor do ex-presidente após o fim do mandato. A oitiva dele é importante porque uma troca do e-mail de acesso à conta de Bolsonaro no aplicativo ConecteSUS, usado para emitir o certificado de vacinação, é um dos principais indícios, segundo a PF, de que Cid não agiu sozinho.
Segundo a apuração, o login de Bolsonaro no ConecteSUS estava associado ao e-mail de Cid até o dia 22 de dezembro do ano passado. Naquela data, foi gerado um certificado de vacinação do então mandatário com o registro falso de duas doses da vacina da Pfizer. Minutos depois, o e-mail de login foi alterado para o do coronel Câmara.
A mudança se deu, de acordo com a PF, porque Cid estava prestes a deixar a função de ajudante de ordens de Bolsonaro. A partir de 1º de janeiro deste ano, o ex-presidente passaria a ser assessorado por oito auxiliares, sendo um deles o coronel Câmara, homem de confiança do ex-mandatário que viajaria com ele para a Flórida.
Ainda de acordo com a PF, a alteração cadastral foi feita a partir da conexão de rede do Palácio do Planalto, outro indício de que Bolsonaro sabia da fraude. Essas deverão ser algumas das perguntas que o ex-presidente terá que responder no depoimento. Quando o caso veio à tona, ele disse que não participou de nenhuma fraude. "Não existe adulteração da minha parte. Não tomei a vacina. Ponto final", declarou no começo do mês.