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Bolsonaro nos EUA: senadores republicanos e pastores brasileiros na agenda

Na viagem, temas como acordo bilateral e tarifas estão sendo discutidos

TRUMP E BOLSONARO EM JANTAR NESTE SÁBADO: poucas discussões concretas para o Brasil / REUTERS/Tom Brenner (Tom Brenner/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2020 às 06h45.

Última atualização em 9 de março de 2020 às 09h10.

São Paulo — Depois de jantar com Donald Trump no sábado e assinar um acordo de cooperação militar no domingo, o presidente Jair Bolsonaro tem mais um dia de encontros estratégicos nos Estados Unidos nesta segunda-feira, 9.

Na agenda, está uma reunião com os senadores republicanos Marco Rubio e Rick Scott, com quem o presidente brasileiro já teve encontros anteriores. Ambos os políticos têm um posicionamento cético às mudanças climáticas, defendem uma ação concreta na Venezuela e também são críticos aos laços comercias de China e América Latina. Há a expectativa de que o prefeito de Miami, Francis Suarez, também esteja presente.

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A Flórida, onde Bolsonaro concentra esta viagem atual, é uma base política fundamental para o bolsonarismo. A região abriga uma comunidade de quase 400.000 brasileiros. Em 2018, moradores de Miami e de Orlando elegeram o presidente brasileiro com 91% dos votos.

Por essa proximidade, Bolsonaro também tem um encontro marcado para esta segunda-feira, 09, com representantes da comunidade brasileira na região e com pastores evangélicos locais.

Além da importância eleitoral, o estado americano também é um parceiro econômico relevante e mantém um comércio de 20 bilhões de dólares com o Brasil. “Somos o maior importador de produtos da Flórida e o terceiro maior exportador”, disse o porta-voz do Palácio do Planalto, Otávio Rêgo Barros na semana passada.

No encontro com Trump no sábado em Palm Beach, os presidentes reafirmaram o apoio ao pleito de Juan Guaidó na Venezuela e assinaram um acordo bilateral para defesa. A parceria pode dar acesso ao Brasil a um fundo de desenvolvimento de tecnologia para defesa que chega 100 bilhões de dólares.

Em troca, o Brasil deve ser cada vez mais pressionado a não deixar que a Huawei entre em redes de 5G no país. Um assessor da Casa Branca, ao falar sobre o encontro, disse que os EUA acreditam “fortemente” que “para ter uma cooperação forte de defesa e inteligência com o Brasil, você sabe, ter os chineses penetrando a rede de 5G, particularmente pela Huawei, iria se tornar um enorme impedimento”, segundo a Reuters. Um leilão de 5G no Brasil, programado para março deste ano, foi adiado para outubro e agora deve ficar para 2021.

Na outra ponta da relação, o número crescente de brasileiros reportando maus tratos das autoridades americanas na fronteira também não foi comentado publicamente pelos presidentes. Até este ano, os brasileiros pegos tentando entrar ilegalmente nos Estados Unidos eram autorizados a aguardar decisão sobre seu caso dentro do país. Na prática, desapareciam e passavam a viver ilegalmente.

No ano passado, Trump inaugurou uma nova regra que faz com que cidadãos de certas nacionalidades aguardem decisão em albergues no México. Desde janeiro, os brasileiros passaram a fazer parte desta lista, mas com poucos questionamentos do Itamaraty até então. Já o Brasil, no ano passado, retirou a necessidade de visto para entrada de turistas americanos no país.

O Brasil também esperava que o jantar com Trump trouxesse alguma novidade sobre as tarifas adicionais impostas a aço e alumínio brasileiros no ano passado. Trump respondeu aos jornalistas presentes que  “a amizade [com o Brasil] é provavelmente maior agora do que no passado”, mas que “eu não faço nenhuma promessa”. A possibilidade de um possível acordo bilateral entre os países foi uma das pautas, mas sem muitos avanços. Trump elogiou o “trabalho fantástico” de Bolsonaro, mas não permitiu ao presidente brasileiro voltar para casa com alguns resultados mais práticos.

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