Bolsonaro causa aglomeração ao ir ao encontro de apoiadores em Goiás
Bolsonaro tem minimizado a pandemia e já se referiu à doença como "gripezinha" e tem circulado por áreas comerciais de Brasília, descumprindo orientações
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de abril de 2020 às 14h12.
Última atualização em 11 de abril de 2020 às 14h14.
Em visita à cidade goiana de Águas Lindas na manhã deste sábado, 11, o presidente Jair Bolsonaro repetiu mais uma vez o que tem feito nos últimos dias ao sair pelas ruas: provocar aglomeração de pessoas. Depois da visita à obra de um hospital de campanha na cidade, Bolsonaro decidiu ir ao encontro de apoiadores que o aguardavam na saída do local. Eufóricas, as pessoas tiravam fotos e tentavam se aproximar do presidente.
Os ministros da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, também acompanharam o presidente na caminhada entre os apoiadores.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no entanto, só participou da visita ao hospital e não seguiu para o passeio para cumprimento aos populares. "A recomendação de não aglomeração vale para todos", disse Mandetta logo depois de o presidente ir ao encontro das pessoas.
A visita à obra do hospital também contou com a presença do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que, no mês passado, anunciou rompimento com Bolsonaro, de quem era aliado de longa data. A participação de Caiado também ficou restrita à visita ao hospital.
Desde o início do avanço do coronavírus no país, Bolsonaro tem minimizado a pandemia e já se referiu à doença como "gripezinha". O presidente também tem circulado por áreas comerciais de Brasília, descumprindo orientações de autoridades sanitárias para que população mantenha distanciamento social. Nesses passeios, ele tem posado para fotos e cumprimentado apoiadores.
Bolsonaro defende que a população retome suas rotinas para evitar um colapso da economia e que o isolamento seja restrito a idosos e pessoas com doenças. O presidente tem 65 anos.
O distanciamento social é um dos principais pontos de divergência entre Bolsonaro e Mandetta. O isolamento social tem sido a principal medida adotada em todo o mundo para reduzir a propagação da doença. Outro ponto de divergência entre o presidente o ministro da Saúde é a prescrição da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19, defendida por Bolsonaro mesmo sem pesquisas conclusivas sobre a eficácia e os efeitos colaterais do medicamento.