Boates são problema sério de segurança, diz professor
Segundo ele, os proprietários desses estabelecimentos têm mais preocupação em evitar a evasão de receita, isto é, que as pessoas saiam sem pagar
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2013 às 20h45.
Rio de Janeiro – O coordenador de mestrado em defesa e segurança civil da Universidade Federal Fluminense (UFF), Airton Bodstein de Barros, disse hoje à Agência Brasil que as boates são um problema sério, “porque ali a coisa comercial é muito forte”. Segundo ele, os proprietários desses estabelecimentos têm mais preocupação em evitar a evasão de receita, isto é, que as pessoas saiam sem pagar, do que com a segurança das pessoas. “Isso é muito grave porque normas básicas de segurança não são respeitadas”, como foi o caso específico da Boate Kiss, em Santa Maria ( RS ), onde morreram cerca de 234 jovens.
O professor lembrou que o estabelecimento tinha apenas uma porta para entrada e saída, o que embora seja “um absurdo”, é permitido pela legislação. “Tem que rever isso”, disse. Ele comentou que normas como essa são feitas, muitas vezes, em um contexto e época determinados e acabam desatualizadas. “Deveria ser obrigatório, em local que abrigue mais de 100 pessoas, haver mais de uma porta de saída. Não interessa o tamanho da porta. No mínimo, duas saídas tem que ter”.
Outro ponto que Barros destacou foi o escapamento de gases. Para ele, a casa noturna não pode fechar todas as saídas porque todos sabem que, em um incêndio, o que mais mata é a fumaça, não é o fogo, advertiu. “A fumaça é muito rápida. É um gás em expansão, aquecido. Ele vai para cima. Se [houvesse] uma saída no teto – outra norma que pouca gente respeita -, a fumaça sairia e daria mais chance às pessoas de escaparem”.
Segundo o especialista, existe uma série de procedimentos que podem reduzir o risco de morte, “pelo menos em grande número”. Essas providências devem ser tomadas também em escolas, academias, igrejas, universidades, como a própria UFF, que “apresentam risco de desastre”.
Outro problema grave, lembrou, é que muitos desses lugares públicos quando vão tirar o alvará de funcionamento, procuram respeitar o mínimo possível as exigências de segurança. “Uma vez com o alvará na mão, eles modificam isso. É comum cinemas, teatros e, principalmente, clubes noturnos fecharem as saídas de emergência com cadeados”.
No caso das saídas de emergência, as portas são feitas para serem abertas de dentro para fora e o argumento apresentado pelos donos de estabelecimentos para mantê-las trancadas é que muitos jovens provocam brigas dentro dos ambientes para sair sem pagar. “É um argumento mas não justifica você trancar as portas de segurança. Eles que procurem outras formas de evitar essa perda. Mas nunca comprometendo a vida das pessoas”.
Segundo Barros, muita coisa pode ser feita, mas isso vai depender de uma mudança de comportamento do setor empresarial. “As pessoas não podem mais continuar buscando lucro a qualquer preço. Caso eles não [mudem de comportamento], o governo tem que fiscalizar e punir”. A única solução que o professor vê a curto prazo é a mobilização da própria população, denunciando os estabelecimentos que não estiverem cumprindo as regras de segurança. “Se as pessoas não forem a esses locais, vai pesar no bolso [dos proprietários] e aí vai haver mudança”.
Rio de Janeiro – O coordenador de mestrado em defesa e segurança civil da Universidade Federal Fluminense (UFF), Airton Bodstein de Barros, disse hoje à Agência Brasil que as boates são um problema sério, “porque ali a coisa comercial é muito forte”. Segundo ele, os proprietários desses estabelecimentos têm mais preocupação em evitar a evasão de receita, isto é, que as pessoas saiam sem pagar, do que com a segurança das pessoas. “Isso é muito grave porque normas básicas de segurança não são respeitadas”, como foi o caso específico da Boate Kiss, em Santa Maria ( RS ), onde morreram cerca de 234 jovens.
O professor lembrou que o estabelecimento tinha apenas uma porta para entrada e saída, o que embora seja “um absurdo”, é permitido pela legislação. “Tem que rever isso”, disse. Ele comentou que normas como essa são feitas, muitas vezes, em um contexto e época determinados e acabam desatualizadas. “Deveria ser obrigatório, em local que abrigue mais de 100 pessoas, haver mais de uma porta de saída. Não interessa o tamanho da porta. No mínimo, duas saídas tem que ter”.
Outro ponto que Barros destacou foi o escapamento de gases. Para ele, a casa noturna não pode fechar todas as saídas porque todos sabem que, em um incêndio, o que mais mata é a fumaça, não é o fogo, advertiu. “A fumaça é muito rápida. É um gás em expansão, aquecido. Ele vai para cima. Se [houvesse] uma saída no teto – outra norma que pouca gente respeita -, a fumaça sairia e daria mais chance às pessoas de escaparem”.
Segundo o especialista, existe uma série de procedimentos que podem reduzir o risco de morte, “pelo menos em grande número”. Essas providências devem ser tomadas também em escolas, academias, igrejas, universidades, como a própria UFF, que “apresentam risco de desastre”.
Outro problema grave, lembrou, é que muitos desses lugares públicos quando vão tirar o alvará de funcionamento, procuram respeitar o mínimo possível as exigências de segurança. “Uma vez com o alvará na mão, eles modificam isso. É comum cinemas, teatros e, principalmente, clubes noturnos fecharem as saídas de emergência com cadeados”.
No caso das saídas de emergência, as portas são feitas para serem abertas de dentro para fora e o argumento apresentado pelos donos de estabelecimentos para mantê-las trancadas é que muitos jovens provocam brigas dentro dos ambientes para sair sem pagar. “É um argumento mas não justifica você trancar as portas de segurança. Eles que procurem outras formas de evitar essa perda. Mas nunca comprometendo a vida das pessoas”.
Segundo Barros, muita coisa pode ser feita, mas isso vai depender de uma mudança de comportamento do setor empresarial. “As pessoas não podem mais continuar buscando lucro a qualquer preço. Caso eles não [mudem de comportamento], o governo tem que fiscalizar e punir”. A única solução que o professor vê a curto prazo é a mobilização da própria população, denunciando os estabelecimentos que não estiverem cumprindo as regras de segurança. “Se as pessoas não forem a esses locais, vai pesar no bolso [dos proprietários] e aí vai haver mudança”.