Brasil

Barragem 14 de Julho, no Rio Grande do Sul, entra em colapso após forte chuva

Rompimento da barragem na cidade Cotiporã acontece após forte chuva atingir diversas cidades gaúchas. A orientação do governo é que a população deixe suas casas

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 2 de maio de 2024 às 14h34.

Última atualização em 2 de maio de 2024 às 15h22.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, informou nesta quinta-feira, 2, que a barragem 14 de Julho, localizada entre os município de Cotiporã  e Bento Gonçalves, no interior do estado, rompeu por conta da forte chuva que atinge diversas cidades gaúchas desde o início da semana.

A orientação da Defesa Civil do estado é que moradores dos municípios de: Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado deixem áreas de risco e procurem abrigos públicos ou outro local de segurança para permanecer.

Segundo informações iniciais, o rompimento foi parcial, mas pelo volume de água será total em algumas horas. O rompimento deve, de acordo com autoridades locais, elevar ainda mais o nível do rio Taquari e aumentar ainda mais as enchentes nos municípios próximos da região de Santa Bárbara.

"Fizemos todos os trabalhos para evitar o rompimento, mas o volume de água foi maior. Não conseguimos ter acesso nem de helicóptero para levar os técnicos. Esse rompimento terá um efeito de resposta hidrológica, ou seja, de elevação do rio Taquari e da bacia. Nós fizemos evacuação, com alertas desde ontem, e as comunidades que não conseguimos evacuar, nós entramos em contato com lideranças. Estamos trabalhando para mitigar os efeitos", disse Leite em vídeo no Instagram.

Leite reforçou o cenário excepcional da situação, sendo a pior que o estado já passou, mas afirmou também que existe dificuldade para realizar o resgate dos desaparecidos.

" É uma situação dramática no Rio Grande do Sul, absolutamente excepcional, pior do que qualquer quadro que pudéssemos ter previsto e é preciso que todos se coloquem em segurança.", disse Leite.

Na mesma linha, o vice-governador, Gabriel Souza, orientou que a população que mora nas áreas de risco deixe suas casas.

"Saiam de casa e subam seis metros acima dos rios. Pelo menos seis metros acima. Saiam das zonas abaixo dessa cota, porque realmente a situação é gravíssima, muito séria, e precisamos que todos, imediatamente, sigam essa orientação, sob penas de perdermos muitas vidas", disse Souza. 

Segundo o prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi, a expectativa é que o rio suba de dois a quatro metros a partido do colapso da barragem. 

"A informação que precisamos passar para todos os moradores que vivem às margens do Rio das Antas e Rio do Taquari, é sair o mais rápido possível desse local. A tendência é que isso suba em torno de dois a quatro metros. Essa é a tendência que aconteça nos próximos minutos e nas próximas horas nos municípios mais abaixo, lá no Taquari. Importante: Isso é uma informação oficial e a gente precisa informar o máximo de pessoas possível dentro da margem do Rio das Antas e do Rio Taquari", disse Segabinazzi em vídeo divulgado nas redes sociais.

A Ceran (Companhia Energética Rio das Antas), por meio de nota, informou que detectou às 13h40, do dia 2 de maio, o rompimento parcial do trecho direito da barragem da usina 14 de Julho, devido ao contínuo aumento da vazão do Rio das Antas e das fortes chuvas que atingem o estado do Rio Grande do Sul desde terça-feira.

“O Plano de Ação de Emergência foi colocado em prática no dia 1 de maio, às 13h50, em coordenação com as Defesas Civis da região, com acionamento de sirenes de evacuação da área, para que a população local pudesse ser retirada com antecedência e em segurança. As barragens de Monte Claro e Castro Alves encontram-se em estado de Atenção e seguem sendo monitoradas.”

“A Ceran segue em contato com as autoridades competentes e ressalta o cuidado com as pessoas. A empresa pede a todos que se informem através dos seus meios de comunicação oficiais.”

Chuvas já deixaram 13 mortos; 21 pessoas estão desaparecidas

Segundo balanço divulgado às 12h pela Defesa Civil, 13 pessoas morreram e 21 estão desaparecidas. Cerca de 147 municípios foram afetados, 4.599 pessoas estão em abrigos e 9.993 estão desalojadas.

Boletim do RS das 12h de quinta-feira

  • Municípios afetados: 147
  • Pessoas em abrigos: 4.599
  • Desalojados: 9.993
  • Afetados: 67.860
  • Feridos: 12
  • Desaparecidos: 21
    Candelária (8)
    Encantado (6)
    Passa Sete (1)
    Roca Sales (4)
    São Vendelino (2)
  • Óbitos: 13
    Encantado (1)
    Itaara (1)
    Pantano Grande (1)
    Paverama (2)
    Salvador do Sul (2)
    Santa Cruz do Sul (1)
    Santa Maria (2)
    São João do Polêsine (1)

    Segredo (1)
    Silveira Martins (1)*

*uma das mortes que havia sido contabilizada, no boletim anterior, para Santa Maria aconteceu na verdade em Silveira Martins.

Lula visita região para articular ações emergencias no Estado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e uma equipe de ministros se reuniram com Eduardo Leite na Base Aérea de Santa Maria, na Região Central do Estado.

Leite apresentou um panorama dos efeitos do evento meteorológico de proporções históricas que atingiu o Rio Grande do Sul e das ações de salvamento que estão em curso.

No encontro, como uma medida emergencial, ficou decidida a criação de uma Sala de Situação integrada, sob coordenação do comandante militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento, para organizar as operações de resgate em todas as regiões atingidas.

Acompanhe tudo sobre:Chuvas

Mais de Brasil

Prefeito de Porto Alegre faz apelo para que as pessoas não voltem para casa

Cartão Prato Cheio: como fazer o cadastro; tudo que você precisa saber

Quase 95% da atividade econômica do RS foi afetada por enchentes, aponta Fiergs

Unidades de saúde do RS poderão suspender exames, consultas e cirurgias até 30 de maio

Mais na Exame